Preteen boy holding puzzle jigsaw heart shape. Concept of support for people suffering from autism

1 em cada 31 crianças com autismo

Desvende a verdade por trás da prevalência do autismo: 1 em 31 crianças. A Braine revela dados cruciais, desmistifica o aumento de diagnósticos e desafia a inércia, mostrando como a ciência e a ação podem transformar o futuro do TEA no Brasil.

Por muito tempo, o autismo foi um mistério, um diagnóstico raro, sussurrado em consultórios médicos bem baixinho para evitar o julgamento de uma sociedade ignorante.

Hoje, a realidade é outra, o autismo está em todo lugar, e os números não mentem. Se você ainda não parou para pensar no impacto disso, é hora de despertar. Não é um fenômeno, é uma evidência de uma realidade que sempre existiu, agora melhor compreendida e, finalmente, contada.

Na Braine, não nos contentamos com o status quo, somos movidos pela verdade e pela necessidade urgente de mudança. E a verdade é que os dados mais recentes são um chamado à ação, uma provocação direta à nossa capacidade de inovar e transformar.

O autismo em dados

Pessoas neurodivergentes tem uma forma diferente de ver o mundo que pode ser muito produtiva para diversas áreas
Estima-se que cerca de 1 em cada 31 (3,2%) crianças de 8 anos foram identificadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

O Center for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos, uma das fontes mais respeitadas globalmente em saúde pública, divulgou números que chocam: estima-se que cerca de 1 em cada 31 (3,2%) crianças de 8 anos foram identificadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este dado, presente em seu material sobre Dados e Pesquisas sobre Autismo, é um espelho que reflete uma nova dimensão da neurodiversidade em nossa sociedade.

Mas o que esse número significa para nós, no Brasil?

Significa que a cada sala de aula, em cada condomínio, em cada grupo de amigos, há uma probabilidade cada vez maior de encontrar uma criança no espectro autista. Isso não pode ser ignorado.

Imagine uma turma de 30 alunos, é bem provável que um deles esteja no espectro, mesmo que ainda não tenha um diagnóstico formal.

Esse colega que se comunica de uma forma um pouco diferente, que se interessa por assuntos muito específicos ou que demonstra uma sensibilidade única a sons e luzes. Essa criança é parte da realidade que os números do CDC nos revelam e essa realidade exige mais do que apenas reconhecimento; exige ação e compreensão profunda.

Entendendo o aumento dos diagnósticos

Se você é do tipo que pensa “mas antigamente não tinha tanto autismo”, pare e reflita. O aumento vertiginoso nos números não é um sinal de que mais pessoas estão “virando” autistas. É a prova de que estamos, finalmente, identificando o que antes era invisível ou mal compreendido.

Historicamente, a prevalência do TEA apresentava números significativamente menores. O mesmo material do CDC que aponta para 1 em 31 hoje, mostra que:

  • Em 2000: essa taxa era de 6,7 por 1.000 crianças, o que significava 1 em 150 crianças.
  • Em 2004: essa taxa era 1 em 166.
  • Em 2008: essa taxa era 1 em 88.

A cada nova pesquisa, o número subia, e não por alguma “epidemia” misteriosa, mas por uma mudança fundamental na forma como entendemos e identificamos o autismo.

O que mudou? A ciência avançou, a sociedade amadureceu e a busca por respostas se intensificou. Não se trata de uma “epidemia”, mas sim de um reflexo do progresso no conhecimento e na capacidade diagnóstica.

A desmistificação do aumento de casos de autismo

É crucial desmistificar a ideia de uma “explosão” de casos de autismo. O que testemunhamos é uma confluência de fatores que tornaram o TEA mais visível:

  • Aumento da Conscientização: Pais, educadores e profissionais de saúde estão mais informados e aptos a reconhecer os sinais precoces do autismo. Campanhas de conscientização e a difusão de informação via internet e mídias sociais têm um papel fundamental nisso.
  • Aprimoramento dos Critérios Diagnósticos: Os manuais de diagnóstico, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), evoluíram para uma compreensão mais abrangente do TEA como um espectro, englobando uma gama maior de características e níveis de suporte. O que antes poderia ser classificado de outras formas ou simplesmente não diagnosticado, hoje encontra um enquadramento mais preciso dentro do espectro autista. O DSM-IV, por exemplo, diferenciava entre “transtorno autista”, “Síndrome de Asperger” e “transtorno desintegrativo da infância”. O DSM-5 unificou tudo sob o guarda-chuva do TEA, reconhecendo que o autismo se manifesta em uma vasta gama de apresentações, de pessoas com grandes necessidades de apoio a indivíduos com habilidades intelectuais excepcionais.
  • Maior Acesso ao Diagnóstico: Apesar dos desafios persistentes, o acesso a profissionais qualificados e a serviços de saúde especializados tem melhorado, ainda que de forma desigual. O artigo Transtorno do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática sobre o Aumento da Incidência e do Diagnóstico, publicado na Research, Society and Development, reforça essa questão, destacando as preocupações com os processos de triagem, diagnóstico e a própria qualificação profissional. Isso nos força a questionar: estamos formando profissionais à altura do desafio que temos pela frente? A resposta, frequentemente, é “ainda não”. A fila de espera por um diagnóstico em centros especializados pode ser longa. Em muitas cidades do interior, simplesmente não há neurologistas infantis ou psicólogos com expertise em TEA. Superar essa barreira de acesso não é apenas uma questão de números, mas de dignidade e equidade.

Não se trata de um aumento real no número de nascimentos de autistas, mas de um aprimoramento em nossa capacidade de detectar e nomear essa neurodivergência. E essa capacidade é um avanço que não podemos subestimar, uma vez que nos obriga a confrontar nossas antigas concepções e a abraçar uma realidade mais complexa e rica em diversidade humana.

O Brasil finalmente conta

Ribbon with multi-colored puzzle pieces on a light background. World autism day concept
1 em cada 38 crianças com idade entre 5 e 9 anos no Brasil foi identificada com TEA.

Por anos, vivemos na penumbra dos dados quando o assunto era autismo no Brasil. Tínhamos estimativas baseadas em realidades de outros países, mas nos faltava o mais básico: nossos próprios números. Essa lacuna nos mantinha reféns da inação, da falta de políticas públicas efetivas e de recursos direcionados. O autismo era uma “questão privada”, relegada à esfera familiar, sem o devido reconhecimento público.

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Mas essa realidade mudou.

A notícia do Canal Autismo: Brasil Conhece pela 1ª Vez Seu Número Oficial de Pessoas com Diagnóstico de Autismo: 1 em 38 é um marco histórico. Pela primeira vez, o Censo Demográfico de 2022 do IBGE nos trouxe a clareza que tanto precisávamos.

E o que ele nos diz?

Que 1 em cada 38 crianças com idade entre 5 e 9 anos no Brasil foi identificada com TEA.

Esse número, embora ligeiramente diferente da estimativa do CDC para crianças de 8 anos (1 em 31), está notavelmente próximo e, como a psiquiatra Dra. Rosa Magaly Moraes ressalta no artigo do Canal Autismo, alinha o Brasil com países como Estados Unidos, Coreia e Austrália em termos de dados de prevalência do TEA.

Isso é um triunfo para a comunidade autista e para a ciência brasileira. É a voz de milhões de famílias que foi finalmente ouvida e quantificada. Não é mais uma estimativa vaga; é um dado, um fato, que exige ser levado a sério.

O que os números revelam no Brasil

Os 2,4 milhões de brasileiros que, segundo o Censo 2022, relataram ter um diagnóstico de TEA feito por um profissional de saúde, representam 1,2% da população com 2 anos ou mais. Isso é a face de uma parcela significativa da nossa população que necessita de atenção, de suporte e de oportunidades.

Os dados brasileiros aprofundam ainda mais essa compreensão:

  • Prevalência por Gênero: Consistente com estudos internacionais, a prevalência de diagnóstico é maior entre homens (1,5%) do que entre mulheres (0.9%). Na faixa etária de 5 a 9 anos, a proporção é de 3,8% para meninos em comparação com 1,3% para meninas, resultando em uma proporção de 3,1:1, muito próxima da 3,4:1 do CDC. Essa disparidade nos lembra da importância de entender as nuances do autismo em meninas, que muitas vezes podem apresentar características mais internalizadas ou serem mais habilidosas em “mascarar” suas dificuldades sociais, levando a diagnósticos tardios ou equivocados.
  • A “Subnotificação” Silenciosa: É crucial entender que os números do Censo refletem diagnósticos autorreferidos. Ou seja, um agente do IBGE perguntou a um familiar se alguém no domicílio havia recebido um diagnóstico de um profissional de saúde, sem a necessidade de relatórios médicos. Isso significa que, por mais monumental que seja esse avanço, ele ainda não captura o número total de autistas no Brasil, pois muitos permanecem sem diagnóstico devido à falta de acesso ou à complexidade em obter uma avaliação.

Os desafios ocultos por trás dos números

Os dados, por mais esclarecedores que sejam, também escancaram problemas profundos em nossa sociedade. O acesso ao diagnóstico e aos cuidados não é equitativo, e isso é uma verdade inconveniente que precisamos enfrentar.

Não basta saber que o autismo existe; precisamos garantir que o suporte chegue a quem precisa, independentemente de sua condição social ou localização geográfica.

A revisão sistemática sobre o aumento da incidência e do diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática sobre o Aumento da Incidência e do Diagnóstico) aponta uma verdade desconfortável: o aumento da incidência é mais notável em comunidades socioeconomicamente vulneráveis. Isso sugere que, à medida que o conhecimento sobre o autismo se espalha, ele encontra um terreno fértil de necessidade em locais onde o acesso à saúde e à educação de qualidade é precário.

É como se a luz do conhecimento estivesse, ironicamente, revelando as sombras da desigualdade.

O papel essencial do SUS

Enquanto alguns têm as portas abertas para o conhecimento e o diagnóstico, outros permanecem na escuridão, com suas necessidades não reconhecidas e não atendidas.

E é aqui que o Sistema Único de Saúde (SUS) se torna não apenas importante, mas absolutamente vital. O SUS, com sua capilaridade e seu princípio de universalidade, equidade e integralidade, é a única estrutura capaz de democratizar o acesso ao diagnóstico e às terapias para o TEA. Não podemos depender apenas da iniciativa privada, que, por sua natureza, tem um alcance limitado e é inacessível para a vasta maioria da população brasileira.

O SUS precisa ser fortalecido e isso significa:

  • Capacitação em larga escala: Treinamento de agentes comunitários de saúde, médicos de família, enfermeiros e pediatras em unidades básicas para que possam realizar a triagem inicial e o encaminhamento correto. Imagine uma enfermeira em um posto de saúde, bem treinada, que identifica os primeiros sinais de TEA em uma consulta de rotina de uma criança e imediatamente orienta a família sobre os próximos passos. Essa é a ponta de lança da inclusão.
  • Criação e expansão de centros de referência: Estruturas especializadas para o diagnóstico diferencial e para o início das terapias intensivas. Precisamos de centros com equipes multidisciplinares (neurologistas, psiquiatras infantis, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais) acessíveis a todos, não apenas àqueles com planos de saúde ou recursos para pagar por serviços particulares.
  • Integração de redes de cuidado: Conectar a atenção básica com a atenção especializada, a educação e a assistência social. O cuidado com o autista não se resume a uma única terapia; é um ecossistema complexo que exige coordenação entre diferentes setores.

Defender o SUS não é uma questão ideológica, mas uma questão de direito humano. Sem um SUS robusto e bem equipado para o TEA, os números que acabamos de descobrir permanecerão apenas números, e a vida de milhões de brasileiros continuará à margem.

As lacunas existentes na qualificação dos profissionais

Outro ponto crítico, levantado tanto pelos dados brasileiros quanto pela revisão sistemática, é a falta de conhecimento e treinamento especializado entre profissionais de saúde e educação. Como podemos esperar diagnósticos precisos e intervenções eficazes se a base da formação profissional ainda é deficiente?

A psiquiatra Dra. Rosa Magaly Moraes, no artigo do Canal Autismo, aponta que os principais desafios no diagnóstico incluem a falta de conhecimento e treinamento especializado, especialmente para populações pouco caracterizadas em manuais de diagnóstico, como crianças muito jovens, mulheres (cujas manifestações podem ser mais sutis), indivíduos com inteligência preservada ou acima da média e idosos.

É inaceitável que, diante de uma realidade tão evidente, ainda tenhamos profissionais despreparados para lidar com a diversidade do TEA.

Pense na estudante de medicina que, ao se formar, teve apenas uma aula sobre autismo em toda a sua graduação. Ou no professor que recebe um aluno autista em sua sala, mas nunca foi capacitado para lidar com as especificidades de aprendizado e comportamento do TEA. Esses cenários são a regra, não a exceção.

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Nós precisamos de qualificações que:

  • Currículos atualizados: Inclusão de disciplinas aprofundadas sobre neurodesenvolvimento e TEA em cursos de medicina, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, pedagogia, entre outros.
  • Estágios e residências focados no TEA: Oferecer experiências práticas e supervisionadas em centros especializados.
  • Educação continuada obrigatória: Programas de atualização e capacitação para profissionais já atuantes, com foco nas melhores práticas e evidências científicas.
  • Políticas de incentivo: Criar mecanismos para que profissionais busquem essa especialização e para que atuem em regiões com maior carência.

Se não investirmos massivamente na formação de uma nova geração de profissionais realmente capacitados para o autismo, continuaremos a perpetuar o ciclo de subdiagnóstico e de intervenções ineficazes. Essa é uma responsabilidade compartilhada entre o Estado, as instituições de ensino e a sociedade civil.

O poder da intervenção precoce

A internvenção precoce muda a vida de uma criança com autismo.
A internvenção precoce muda a vida de uma criança com autismo.

Se há uma mensagem que ainda precisa ecoar alto é esta: a intervenção precoce muda tudo.

Essa é a chave para desbloquear o potencial de cada indivíduo no espectro e para construir uma vida mais autônoma e plena.

O artigo Transtorno do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática sobre o Aumento da Incidência e do Diagnóstico enfatiza a “importância da intervenção precoce” como um dos benefícios cruciais para pacientes com TEA. Isso se deve à neuroplasticidade cerebral, que é maior nos primeiros anos de vida. É quando as redes neurais estão em formação mais intensa que as intervenções têm um impacto mais profundo e duradouro. Imagine um jardim.

Se você planta as sementes certas, no solo certo, e as rega e as nutre desde o início, as plantas crescerão fortes e saudáveis. Se você espera, o solo pode endurecer, as pragas podem aparecer, e o esforço para cultivar será muito maior. O mesmo acontece com o desenvolvimento humano.

O que ganhamos com ação imediata?

Uma intervenção precoce e de qualidade pode transformar o curso da vida de uma criança e de sua família. Não é uma “cura”, mas sim uma habilitação fundamental.

  • Melhorar as habilidades de comunicação
  • Promover a interação social
  • Desenvolver habilidades adaptativas
  • Reduzir comportamentos desafiadores
  • Aumentar a inclusão educacional

Atrasar o diagnóstico e a intervenção não é apenas uma questão de tempo perdido; é uma oportunidade de desenvolvimento perdida para a criança e um fardo desnecessário para a família. Não podemos nos dar ao luxo de esperar. A hora de agir é agora. O custo da inação, tanto social quanto financeiro, é infinitamente maior do que o investimento na intervenção precoce.

A base para um futuro mais justo e inclusivo com dados

Você pode se perguntar: por que tanto foco em números? A resposta é simples e pragmática: dados são poder. Dados robustos e confiáveis são a única linguagem que os formuladores de políticas públicas realmente entendem. Sem dados, somos apenas vozes isoladas clamando no deserto. Com dados, somos um coro que exige ação.

Os números do Censo do IBGE sobre o autismo, resultado de uma luta incansável da comunidade autista que culminou na Lei 13.861/2019 (Canal Autismo: Brasil Conhece pela 1ª Vez Seu Número Oficial de Pessoas com Diagnóstico de Autismo: 1 em 38), são mais do que estatísticas; são a munição para justificar investimentos, criar programas específicos e alocar recursos de forma eficaz. São a prova irrefutável de que o autismo não é uma questão marginal, mas uma realidade que impacta milhões de vidas e exige uma resposta sistêmica.

Da estatística à política pública

Com esses dados em mãos, não há mais desculpas, nós podemos e devemos:

  • Exigir Investimento no SUS para o TEA: Como já abordado, o Sistema Único de Saúde é a espinha dorsal para garantir que o diagnóstico e o tratamento cheguem a todos. Os dados da prevalência do autismo no Brasil e a realidade da subnotificação em comunidades vulneráveis reforçam a necessidade urgente de fortalecer o SUS nesse aspecto. Não estamos falando de um “luxo”, mas de um direito fundamental à saúde. Isso implica em destinar orçamentos específicos para a saúde mental e o neurodesenvolvimento, criar e expandir a rede de atendimento ambulatorial e hospitalar com equipes multidisciplinares especializadas em TEA, e garantir que os medicamentos e terapias essenciais estejam disponíveis em todas as regiões do país. O investimento no SUS para o autismo não é apenas um custo; é um investimento no capital humano, na redução de custos futuros com saúde e assistência social, e na construção de uma sociedade mais produtiva e equitativa.
  • Reformular a Formação Profissional com Urgência: É imperativo que as universidades e instituições de ensino invistam em currículos que preparem adequadamente médicos, terapeutas, psicólogos e educadores para identificar e intervir no TEA. O conhecimento não pode ser um privilégio de poucos. A revisão sistemática (Transtorno do Espectro Autista em Crianças: Uma Revisão Sistemática sobre o Aumento da Incidência e do Diagnóstico) aponta a qualificação profissional como uma preocupação. A proposta da Braine é que as instituições de ensino adotem programas de imersão prática em centros de TEA, promovam a pesquisa aplicada e incentivem a interdisciplinaridade. Precisamos formar profissionais que vejam o autista não como um conjunto de sintomas, mas como um indivíduo com potencial único, que demanda abordagens individualizadas e baseadas em evidências.
  • Desenvolver Políticas de Inclusão Escolar Robustas: Com mais de 760 mil estudantes com diagnóstico de autismo com 6 anos ou mais no Brasil, sendo a maioria (66,8%) em ensino regular, o desafio da inclusão escolar é gigantesco e precisa de políticas robustas que garantam não apenas a matrícula, mas a permanência e o desenvolvimento efetivo desses alunos. Isso significa investimento em formação contínua de professores para educação inclusiva, disponibilização de profissionais de apoio e mediadores em sala de aula, adaptação de materiais didáticos e metodologias de ensino, e criação de ambientes escolares que sejam sensorialmente mais amigáveis e acolhedores. A escola deve ser um espaço de florescimento, não de exclusão.
  • Promover a Inclusão no Mercado de Trabalho e na Vida Adulta: O autismo não para na infância. Precisamos pensar em como garantir que esses indivíduos, ao se tornarem adultos, tenham oportunidades de emprego dignas e uma vida autônoma e plena. Isso envolve programas de capacitação profissional específicos, incentivos fiscais para empresas que empregam pessoas autistas, e a criação de ambientes de trabalho inclusivos que valorizem suas habilidades e talentos únicos. A neurodiversidade é uma força de trabalho valiosa, capaz de trazer perspectivas e soluções inovadoras. É hora de romper com o paradigma de que pessoas autistas são apenas “crianças” ou “pacientes” e reconhecê-las como cidadãos plenos, com direitos e contribuições valiosas.
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Esses números nos dão o poder de cobrar, de lutar e de construir um futuro onde o autismo seja compreendido, aceito e onde cada pessoa no espectro possa prosperar. É um chamado para romper com a inércia e abraçar a responsabilidade de construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva.

Abraçando a neurodiversidade em um mundo em transformação

Autism Awareness. Autism father holding hand his Autistic Child with I have autism bracelet
É hora de abraçar o paradigma da neurodiversidade.

É tempo de questionar as velhas lentes pelas quais enxergamos o autismo. Por muito tempo, o modelo predominante foi o modelo médico-patológico, que via o autismo primariamente como um “déficit”, uma “doença” a ser “curada” ou “normalizada”. Embora o diagnóstico clínico seja essencial para o acesso a intervenções e direitos, essa visão estreita falha em reconhecer a riqueza e as contribuições únicas que pessoas autistas trazem para o mundo.

É hora de abraçar o paradigma da neurodiversidade.

Neurodiversidade é a ideia de que as variações no funcionamento neurológico humano (como autismo, TDAH, dislexia, etc.) são variações naturais e válidas da condição humana, e não meras patologias.

Essa mudança de perspectiva tem implicações profundas:

  • Do “déficit” ao “diferente”: Em vez de focar apenas no que uma pessoa autista “não consegue fazer”, focamos em como ela pensa, sente e interage de forma diferente. Isso abre portas para estratégias de ensino, comunicação e inclusão que respeitam e capitalizam essas diferenças. Por que insistir que uma criança autista force o contato visual se isso lhe causa desconforto extremo, quando podemos buscar outras formas de comunicação igualmente eficazes?
  • Valorização de talentos e habilidades únicas: Pessoas autistas frequentemente possuem habilidades notáveis em áreas como atenção aos detalhes, reconhecimento de padrões, memória factual, pensamento lógico e uma paixão profunda por seus interesses. Empresas de tecnologia, por exemplo, estão descobrindo o valor inestimável de contratar talentos autistas para funções que exigem foco e habilidades analíticas apuradas. É uma ruptura com a ideia de que a diversidade é um “problema” e um abraço da ideia de que é uma vantagem competitiva.
  • Ambientes adaptados, não apenas indivíduos “consertados”: Em vez de apenas tentar “normalizar” o indivíduo autista para que se encaixe em ambientes inflexíveis, o paradigma da neurodiversidade nos desafia a adaptar os ambientes – escolas, locais de trabalho, espaços públicos – para que sejam mais inclusivos e acolhedores para a variedade de mentes que existem. Isso é sobre acessibilidade em seu sentido mais amplo.

Essa é a verdadeira revolução que a Braine abraça, é um desafio direto à nossa zona de conforto, exigindo que repensemos o que significa “normal” e abracemos a riqueza que a neurodiversidade nos oferece.

Braine: nossa revolução é a inclusão e o conhecimento

Na Braine, entendemos o peso desses números. Nosso propósito não é apenas falar sobre a prevalência do autismo; é agir sobre ela. Somos rebeldes o suficiente para desafiar o status quo e sábios o bastante para basear nossas ações em dados concretos e na mais recente evidência científica. E, acima de tudo, somos pragmáticos em nossa busca por soluções que realmente façam a diferença.

Não somos apenas uma empresa; somos um movimento. Um movimento que acredita que cada criança autista, cada família, merece acesso à informação de qualidade, a ferramentas eficazes e a uma rede de apoio que compreenda suas necessidades.

O número de 1 em cada 31 crianças não é um fardo; é um convite. Um convite para que cada um de nós – pais, educadores, profissionais de saúde, legisladores e empresas como a Braine – assuma a responsabilidade de construir um mundo mais inclusivo, mais compreensivo e mais justo para todos no espectro autista. É um chamado para olhar para o futuro não com temor, mas com a convicção de que, com o conhecimento certo e as ferramentas adequadas, podemos moldá-lo para ser um lugar melhor para todos.

Não espere que alguém faça por você. Aja. Informe-se. Conecte-se. A Braine está aqui para ser seu parceiro nessa jornada. O futuro do autismo não é incerto; ele está sendo construído agora, com cada passo que damos rumo à inclusão e ao conhecimento.

Junte-se à revolução da Braine!

Se você compartilha da nossa paixão por desvendar os segredos do cérebro e acredita que a neurociência pode ser a chave para um futuro de cuidado mais justo e eficaz, o seu lugar é aqui. Não aceitamos menos que a transformação, e sabemos que ela começa com profissionais e visionários que, assim como nós, ousam pensar diferente.

Conheça o AURA-T, nossa ferramenta de triagem pré-diagnóstica que já está revolucionando a identificação do autismo no Brasil. Ele é um testemunho de como o conhecimento, a tecnologia e a sensibilidade clínica podem se unir para criar um impacto profundo. Queremos você na linha de frente dessa mudança: seja um dos nossos beta testers do AURA-T e ajude a moldar o futuro da clínica em tempo real.

E marque na sua agenda: entre os dias 4 e 8 de agosto, estaremos no II Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade 2025. Será uma imersão em debates sobre o futuro do cuidado sob uma perspectiva interdisciplinar, um espaço para trocas, aprendizado e construção coletiva com mentes que não se conformam com o que já existe.

Transformar o cuidado começa por quem se dispõe a sentir, escutar e agir de outro jeito. Esse futuro, pautado pela inteligência do cérebro e pela coragem de inovar, precisa da sua presença. Venha com a Braine.

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