LGBT Pride Parade

Dia Internacional do Orgulho LGBT

O Dia Internacional do Orgulho LGBT+ é uma celebração e um chamado à escuta, cuidado e justiça para corpos que resistem e persistem.

Junho se colore em diversas cidades do mundo, ruas ganham bandeiras, manifestações ocupam espaços públicos, empresas ajustam logos e slogans, e vozes se unem em uma só palavra: orgulho.

Mas, mais do que um mês de visibilidade, o Dia Internacional do Orgulho LGBT+, celebrado em 28 de junho, é uma memória viva, um lembrete histórico de que toda conquista nasceu da resistência.

A data marca a revolta de Stonewall, ocorrida em 1969, quando pessoas trans, lésbicas e gays resistiram a uma série de perseguições policiais em Nova York. E é a partir dessa origem que o orgulho se estrutura: como uma afirmação política de existência, dignidade e liberdade.

No Brasil, onde a LGBTfobia ainda mata, segrega e silencia, esse orgulho continua sendo uma forma de sobrevivência. E, por isso, falar sobre ele no contexto da saúde mental é urgente.

Na Braine, acreditamos que orgulho também é cuidado. É escuta, é política pública, é reconhecimento da pluralidade humana como um valor inegociável.

A marca do orgulho lgbt iniciada na Revolta de Stonewall em 1969
A marca do orgulho lgbt iniciada na Revolta de Stonewall em 1969

O passado da psicologia

Durante muito tempo, nos manuais de psicologia e psiquiatria ser LGBT+ significava estar doente.

Segundo a Agência Brasil, a homossexualidade só foi retirada da Classificação Internacional de Doenças (CID) em 1990. A transexualidade, mais recentemente, deixou de ser vista como “transtorno de identidade” para ser reconhecida como expressão legítima da diversidade de gênero.

Essas mudanças conceituais foram fundamentais, mas o atraso histórico deixou marcas profundas. Ainda hoje, muitas pessoas LGBT+ enfrentam terapias reparativas disfarçadas, escuta clínica enviesada e diagnósticos atravessados por preconceito.

Profissionais da saúde mental que não são preparados para acolher a diversidade podem, sem perceber, reforçar violências já vividas. Podem interpretar sofrimento gerado pela exclusão como sintoma individual. Podem confundir expressão com desvio. E, o que é ainda mais grave, podem calar subjetividades que buscam, acima de tudo, poder existir sem medo.

É por isso que defender o orgulho LGBT+ também é defender uma saúde mental ética, informada e profundamente comprometida com os direitos humanos. É necessário mudar protocolos e rever práticas, reformular escutas e reposicionar o cuidado como espaço de validação e autonomia para acolhimento dessas pessoas.

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Subjetividades da saúde mental e a lógica da exclusão

Proud woman in protest rally for lgbt rights
Jovens LGBT+ que encontram ambientes seguros e afirmativos em casa, na escola, na terapia têm índices significativamente menores de sofrimento psíquico.

Cuidar da saúde mental de pessoas LGBT+ não é simplesmente oferecer acolhimento individualizado, é compreender os impactos coletivos e estruturais de uma sociedade que, historicamente, nega essas existências.

Rejeição familiar, exclusão escolar, desemprego, violência física e simbólica são fatores que moldam a forma como essas subjetividades se organizam, se protegem e, muitas vezes, se calam.

A depressão, os transtornos de ansiedade, a automutilação e a ideação suicida são mais prevalentes na população LGBT+ não porque há algo “de errado” com essas pessoas, mas porque há algo de profundamente doente nas estruturas sociais que as empurram para a margem.

Estudos já mostraram que jovens LGBT+ que encontram ambientes seguros e afirmativos em casa, na escola, na terapia têm índices significativamente menores de sofrimento psíquico. Isso não é coincidência, é consequência da escuta, do pertencimento, da possibilidade de existir sem precisar se esconder.

Na Braine, falamos muito sobre neurodiversidade, e precisamos aplicar esse mesmo olhar à diversidade de gênero, sexualidade e expressão. Porque a pluralidade humana é, por definição, uma característica do nosso desenvolvimento. Não há um só modo de ser. Há muitos. E o cuidado precisa estar à altura dessa complexidade.

Tecnologia, inclusão e os limites do progresso

No campo da inovação, a tecnologia promete avanços que, à primeira vista, parecem imparciais. Mas o progresso não é neutro.

Algoritmos são desenhados por pessoas. E, se essas pessoas não carregam um compromisso com a diversidade, a equidade e a ética, o risco é alto: replicamos, em código, os mesmos preconceitos que já excluem em carne e osso.

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Soluções tecnológicas em saúde mental, por exemplo, podem ser ferramentas poderosas de democratização do cuidado. Mas, se não considerarem a experiência das populações historicamente marginalizadas como as pessoas LGBT+ elas apenas aprofundam as desigualdades.

Na Braine, esse compromisso é inegociável, desenvolvemos nossas ferramentas, como o AURA-T, com base na escuta ativa de diferentes grupos para a causa neurodivergente.

Não queremos ser mais uma tecnologia que diagnostica em massa sem olhar para a singularidade.

Queremos cocriar um ecossistema onde dados, ciência e empatia caminhem lado a lado.

A inovação verdadeira amplifica histórias, vozes e potências que foram, por muito tempo, caladas.

A Braine e o compromisso com a escuta radical

Falar de orgulho LGBT+ dentro de uma startup de saúde mental e neurotecnologia é uma posição política, construímos nossas soluções com base em ciência, mas também com base em humanidade.

Isso significa que cada produto, cada relatório, cada fluxo de cuidado que criamos é atravessado por uma pergunta essencial: quem está sendo escutado aqui?

Se o futuro da saúde mental quer ser inclusivo precisa reconhecer que parte dessa exclusão começa na escuta, quando não sabemos perguntar, quando temos medo de nomear, quando evitamos reconhecer que o cuidado, muitas vezes, adoeceu quem mais precisava dele.

Nosso compromisso com a neurodiversidade passa também pelo reconhecimento da diversidade afetiva, sexual e de gênero. Porque nenhuma mente é neutra.

Toda subjetividade carrega história, cultura, afeto, corpo. E todo corpo merece ser cuidado com dignidade.

Orgulho é existência legítima

Three hands with LGBT flag bracelets. LGBT pride movement
No Dia Internacional do Orgulho LGBT+, celebramos a resistência de um passado marcado por muitas lutas, e a possibilidade de um futuro mais justo para todos.

Ser uma pessoa LGBT+ é uma experiência que atravessa relações, trajetórias, escolhas e possibilidades de uma vida inteira em sociedade. É uma vivência que carrega marcas, mas também potências valiosas para todos os nichos. E, acima de tudo, é uma forma legítima de estar no mundo.

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No Dia Internacional do Orgulho LGBT+, celebramos a resistência de um passado marcado por muitas lutas, e a possibilidade de um futuro mais justo para todos. Um futuro onde o cuidado em saúde mental reconheça essas subjetividades, valorize essas existências e se comprometa a transformar, de forma real, o modo como acolhemos a diferença.

Na Braine, seguimos atentos. Não ao que é padrão, mas ao que é invisível. Porque é aí que mora a verdadeira inovação — aquela que transforma, que emancipa, que escuta para além do ruído.

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