Conheça a jornada de Gabriel Cirino, CEO da Braine, que transformou a dor da neurodivergência em inovação disruptiva. Descubra como esse líder rebelde e pragmático está construindo um futuro inclusivo para a saúde mental e a neurodiversidade através da IA e de ecossistemas digitais.
Quero começar esse texto dizendo que eu não sou só CEO da Braine.
Sou TDAH, nerd, rebelde e visionário.
A minha história com a causa neurodivergente começa desde o segundo que eu nasci. Por muito tempo, tentei caber nos moldes que esperavam de mim: ser produtivo como os outros, pensar de forma linear, encaixar minha mente hiperativa e intuitiva em fórmulas que nunca funcionaram.
Mas foi justamente quando parei de tentar caber que comecei a construir algo realmente novo.
Hoje sou Gabriel Cirino, CEO da Braine, uma startup, um ecossistema que une inteligência artificial, saúde mental e neurodiversidade.
Mas isso é só a superfície.
Por trás dos títulos, o que me move é uma urgência existencial: criar sistemas que acolham o que antes era considerado erro. E é sobre isso, e muito mais, que eu quero falar com vocês hoje.
Neste texto vocês irão conhecer o fundador da Braine da forma mais intensa que existe, para além das telas e das palavras que visam transmitir conhecimento que aqui vocês leem diariamente.
Sou TDAH com altas habilidades, diagnosticado tardiamente como muitos. Passei por crises, confusões, tentativas frustradas de seguir um caminho “normal”. E em vez de me corrigir, decidi me escutar, e foi dessa escuta que nasceu a minha missão: transformar dor em dados, desejo em design e silêncio em sistema.
Minha jornada, a jornada de Gabriel Cirino, é a prova viva de que as maiores inovações nascem da mais profunda vulnerabilidade.
Na prática, isso significa transformar a experiência neurodivergente em inovação disruptiva, traduzir sofrimento em soluções tecnológicas escaláveis, e provar que inteligência não é padrão – é diversidade, e que inclusão não é adaptação – é arquitetura do mundo.
Não basta adaptar o indivíduo; é preciso redesenhar o ambiente para que ele floresça.
Este texto não é apenas sobre a minha trajetória. É sobre um novo jeito de pensar futuro, inclusão e impacto. É sobre como startups, ciência e espiritualidade podem andar juntas, quebrando paradigmas e construindo pontes onde antes só existiam muros. Se você já sentiu que o mundo não foi feito para quem pensa diferente, se a sua mente também opera em frequências únicas, esse texto é para você.
Aqui, você vai conhecer não só a história da Braine, mas o que sustenta esse projeto por dentro: teoria, rebeldia, método, simbologia, amor.
Vai descobrir como um garoto inquieto do interior de Minas se tornou um dos nomes por trás da revolução neurodiversa que está chegando com força no Brasil e no mundo. A história de Gabriel Cirino é a história de muitos.
Sinta-se em casa… ou melhor, num lugar onde a casa foi desenhada também para você.
Sumário
A dor que virou propósito: A convulsão simbólica de Gabriel Cirino

Eu nasci inquieto.
Desde pequeno, carregava a sensação de que meu corpo estava sempre um pouco à frente do tempo, e minha mente um pouco fora do espaço.
Enquanto a maioria das crianças aprendia a seguir regras, eu aprendia a contorná-las. Não por malícia, mas por uma espécie de instinto criativo e rebelde que me empurrava para fora do comum mesmo quando tudo em volta me pedia para me comportar, para me encaixar, para ser “normal”.
Essa inquietação, que muitos viam como problema, foi o motor que me trouxe até aqui, até o ponto de construir a Braine e de me tornar Gabriel Cirino, o líder que sou hoje.
Na escola, era constantemente chamado de “disperso”, “intenso demais”, “gênio instável”. Eram rótulos que, ao mesmo tempo em que me destacavam por respostas brilhantes e insights rápidos, me puniam por não conseguir seguir o ritmo, por falar demais, por questionar o que já estava decidido.
Com o tempo, comecei a internalizar uma crença silenciosa e corrosiva: “eu penso errado”. A dor de não pertencer, de sentir que minha própria mente era um defeito, era esmagadora. Era como viver em um corpo que se recusava a obedecer às regras de um jogo que eu nem entendia.
Não era fácil explicar como meu cérebro funcionava.
Por fora, eu era um bom aluno, com notas altas, capaz de entregar trabalhos complexos. Por dentro, vivia um caos constante. Uma tempestade de ideias que se misturavam com obsessões criativas, esquecimentos inexplicáveis, momentos de hiperfoco avassalador, picos de ansiedade que me deixavam sem ar e lágrimas escondidas no banheiro entre uma aula e outra. Ninguém via essa tempestade interna; todos viam apenas o desempenho “adequado” ou a “dispersão” aparente. Esse contraste entre o que eu sentia e o que os outros percebiam era uma tortura invisível.
Na juventude, essa dissonância se intensificou.
O desafio da graduação
A faculdade foi um campo de batalha, não contra o conteúdo acadêmico – que muitas vezes me fascinava –, mas contra a estrutura: prazos que pareciam arbitrários, provas sem sentido que avaliavam memorização e não compreensão, metodologias que ignoravam e até violentavam o modo como eu processava o mundo.
Tudo aquilo me sufocava, me limitava, me impedia de ser quem eu realmente era. E, ao mesmo tempo, me revelava. Porque foi na dor profunda de não caber que comecei a perceber: talvez o problema não estivesse em mim. Talvez o mundo não tivesse sido desenhado para pessoas como eu. Talvez eu não estivesse quebrado, mas sim mal compreendido.
O diagnóstico de TDAH só veio aos 30 anos.
Tarde o bastante para ter causado marcas profundas, cicatrizes invisíveis de sofrimento, mas cedo o suficiente para iniciar minha virada simbólica. Nesse processo de autodescoberta, entendi que o TDAH e as altas habilidades coexistiam em mim. Um combo que, à primeira vista, parecia contraditório: distraído e genial.
Inconstante e criativo.
Caótico e profundamente pensativo.
Pela primeira vez na vida, algo fazia sentido. Minha mente não era um erro, era uma linguagem diferente e poderosíssima. Uma linguagem complexa, multifacetada, mas perfeitamente válida.
E se era uma linguagem, eu poderia traduzi-la. E se era uma linguagem, eu não estava sozinho; havia outros que falavam essa mesma língua, ainda que em dialetos diferentes. E se era uma linguagem, talvez houvesse um código por trás de tudo isso, um código ainda não decifrado pela sociedade, mas humano com certeza.
Foi aí que nasceu a semente da Braine, como uma pergunta existencial que reverberava em mim:
“E se a dor das pessoas neurodivergentes for, na verdade, uma chave para redesenhar os sistemas da sociedade?”
Nascimento da Braine
A Braine não foi de uma ideia de negócio que nasceu minha missão, eu penso que ela basicamente veio de uma convulsão simbólica, de uma revelação interna que transformou minha perspectiva de vida. Comecei a investigar tudo o que me atravessava e me intrigava: ciência da informação, psicanálise, filosofia, inteligência artificial, espiritualidade. E entendi que havia um elo oculto entre tudo isso, um campo invisível onde dados, desejos e emoções se entrelaçavam como uma rede pulsante de significados, um tecido vivo que conectava o individual ao coletivo.
Passei a chamar isso de inconsciente informacional. Um espaço onde o que sentimos, lembramos, esquecemos ou criamos está conectado a fluxos de informação — internos e externos. Um inconsciente que não mora só no cérebro biológico, mas também nos sistemas, nas redes digitais, nas plataformas, nas instituições. E que, se for bem decodificado, pode nos ajudar a reconstruir a sociedade a partir da escuta simbólica da diferença, valorizando cada singularidade como um dado precioso.
Esse foi o início da minha teoria e também do meu chamado.
Com uma urgência quase obsessiva, comecei a estudar, a pesquisar com uma profundidade que antes eu só aplicava aos meus interesses de hiperfoco. Voltei para a academia, buscando formalizar e validar minhas intuições. Criei as primeiras startups, testando hipóteses, falhando e aprendendo. Conheci outras pessoas como eu.
E entendi que o que chamamos de “transtorno” muitas vezes é só uma incompatibilidade estrutural entre a mente e o meio. Não era o indivíduo que precisava ser consertado, mas o ambiente que precisava ser redesenhado.
Foi nesse ponto que minha dor virou propósito. Minha inquietação, que antes era vista como um problema, virou método. Meu silêncio, que era incompreensão, virou sistema.
Eu não queria mais consertar as pessoas para que coubessem em um mundo estreito, eu queria consertar o mundo ao redor delas, expandindo suas fronteiras para acolher toda a diversidade de mentes.
Hoje, quando olho para trás, vejo que cada crise de identidade, o diagnóstico tardio e cada noite em claro pensando que tinha algo de errado comigo fez parte da minha preparação.
Eu estava sendo treinado, sem saber, para ser ponte.
Para traduzir mundos.
Para ser o Gabriel Cirino que lidera a Braine.
E a Braine, antes de ser startup, é isso: um tradutor simbólico entre pessoas e sistemas. Um ecossistema feito para aqueles que, como eu, nunca couberam em nenhuma estrutura — e que hoje estão criando as estruturas que ainda não existem, as soluções que o mundo precisa para avançar.
Esse é só o começo, mas é o começo certo. Disso você pode ter certeza.
A construção da Braine e do ecossistema de inovação
Como dito anteriormente, a Braine nasceu como um grito.
Um grito silencioso, desses que a sociedade não escuta porque está ocupada demais tentando normalizar tudo o que escapa do padrão.
Mas esse grito estava em mim. E em muitas outras pessoas que, como eu, sentiam que havia algo de errado no modo como tratamos a diferença, a neurodiversidade.
Foi em um desses momentos de escuta profunda, após o diagnóstico, após a dor, que me fiz uma pergunta radical, que se tornou o pilar da Braine:
“E se, ao invés de tentar corrigir os corpos atípicos, pudéssemos corrigir os sistemas que os rejeitam?”
Foi com essa pergunta que a Braine começou a tomar forma.
Ao invés de ser só mais uma HealthTech, a Braine surgiu como um ecossistema simbólico e tecnológico, com uma missão clara e inegociável: tornar o mundo inteligível, habitável e funcional para pessoas neurodivergentes.
Mas eu sabia que isso não poderia ser feito com uma única solução, pois a realidade complexa e multifacetada das pessoas autistas, com TDAH, dislexia, altas habilidades ou outras formas de cognição atípica não cabe em um único produto, em uma única política ou em uma única clínica. Precisávamos de uma arquitetura, um conjunto de interfaces capazes de acolher, traduzir e integrar essa diversidade, um verdadeiro ecossistema.
E assim, nasceu o que hoje chamamos de Ecossistema Braine, o qual cada parte dele carrega uma função específica, uma alma e um propósito estratégico que se complementam, criando uma rede de suporte e inovação.
AURA-T: A dor traduzida e acolhida
O AURA-T (Autism Universal Rapid Assessment Tool) foi o primeiro pilar fundamental desse ecossistema. Como um ferramenta pré-diagnóstica, ela foi desenhada para ser simples, acolhedora e, acima de tudo, cientificamente embasada.
O AURA-T vai além da sua função como um formulário; ele é acima de tudo um instrumento de escuta simbólica. Uma ponte entre a linguagem clínica fria e a experiência real e muitas vezes angustiante da família, do educador e do profissional de saúde.
Ele se inspira em instrumentos validados como o M-CHAT, AQ-10, CARS e SRS-2, mas oferece uma análise com linguagem acessível, feedback personalizado e orientações práticas.
Em vez de sentenciar, o AURA-T sinaliza.
Em vez de patologizar, ele humaniza, indicando caminhos e não apenas um “sim” ou “não”.
Hoje, o AURA-T já foi usado em dezenas de casos transformando a forma como o diagnóstico precoce é abordado. Isso sem falar nos múltiplos prêmios de inovação recebidos e nas diversas instituições que já sinalizaram interesse em escalar essa solução, reconhecendo o valor inestimável do AURA-T no campo da inteligência artificial em saúde mental e diagnóstico precoce autismo IA.
Bruna AI: A inovação na comunicação neurodiversa
A segunda peça vital do ecossistema é a Bruna AI – Behavioral Responsive Unified Neurodiversity Assistant.
Ela não é “apenas” uma assistente de inteligência artificial. Bruna é uma aliada, criada para acolher, orientar e responder dúvidas complexas de pessoas neurodivergentes, seus familiares e profissionais que buscam informações qualificadas.
Bruna é uma arquitetura de escuta ativa e simbólica, dividida em múltiplos agentes (BrunaInfo, BrunaCare, BrunaAURA, BrunaData, etc.) que operam como núcleos de inteligência distribuída. Sua lógica é baseada em tecnologias de ponta como RAG (Retrieval-Augmented Generation), curadoria semântica avançada, vetorização de dados e finetuning de modelos de linguagem — mas sempre com ética, acolhimento e acessibilidade como valores centrais.
Na prática, isso significa que um pai, com dúvidas urgentes sobre o desenvolvimento do filho, pode conversar com Bruna e receber uma resposta fundamentada, respeitosa e clara — sem esperar dias por um profissional, sem se perder em fóruns confusos e cheios de desinformação. Ou uma pessoa em crise pode usar a Bruna como mediadora de sua regulação emocional.
A Bruna AI é a materialização da comunicação e cuidado em saúde digital que a Braine defende, um exemplo de inteligência artificial em saúde mental que realmente serve ao humano.
Care360°: A continuidade do cuidado centrado na pessoa
O terceiro módulo, e igualmente indispensável, é o Care360° – Caring Accessible Responsible Ecosystem. Trata-se de um sistema de gestão multidisciplinar robusto, pensado para transformar o cuidado com pessoas neurodivergentes em algo contínuo, integrado e, crucialmente, centrado na pessoa.
Aqui, trabalhamos com interoperabilidade com padrões internacionais como HL7/FHIR, automação de protocolos com Processamento de Linguagem Natural (NLP), e módulos personalizados para profissionais de saúde, escolas, empresas e secretarias públicas.
Tudo isso com foco em facilitar o fluxo ininterrupto entre triagem, atendimento, acolhimento e acompanhamento.
O objetivo é garantir que nenhuma criança, nenhum adolescente, nenhum adulto neurodivergente, caia no buraco negro entre o diagnóstico inicial e o cuidado real e contínuo que ele precisa.
O Care360° é a espinha dorsal de um futuro da saúde mental que prioriza a integração e a eficiência para servir à dignidade humana.
Neuroverso Cultural: A transformação através da linguagem
Por fim, e com uma importância que transcende o puramente tecnológico, temos o Neuroverso Cultural.
Este é o braço editorial, educativo e filosófico da Braine.
É onde materializamos a dimensão simbólica da nossa missão: publicar livros que lançam novas luzes sobre a neurodiversidade, criar cursos que capacitam e transformam, formar multiplicadores que disseminam conhecimento e ativar redes de sentido que tecem uma nova narrativa cultural.
É neste espaço que surgem nossas coleções sobre TDAH, autismo, altas habilidades, a intrigante espiritualidade neurodiversa e a inteligência algorítmica. Também é o ambiente onde cultivamos o imaginário, a estética e os arquétipos que sustentam a narrativa da transformação que a Braine lidera.
Porque é o que sempre repetimos: mudar o mundo exige mais do que tecnologia; exige linguagem. Exige cultura, mitologia e capacidade de criar novos símbolos que reflitam uma realidade mais inclusiva.
Um ecossistema que pensa como um cérebro
Quando unimos todos esses projetos — AURA-T, Bruna AI, Care360°, Neuroverso Cultural — percebemos que estamos construindo um sistema distribuído de inteligência coletiva, um organismo vivo, como um córtex digital simbólico, uma espécie de cérebro expandido da neurodiversidade.
Cada solução é uma função cognitiva única, mas interconectada.
Cada ferramenta é uma sinapse pulsante, transferindo conhecimento e cuidado.
Cada insight de usuário é uma memória viva, alimentando a inteligência do todo.
Essa é a visão de Gabriel Cirino: uma arquitetura complexa, orgânica e sistêmica para o cuidado neurodiverso.
O que vem pela frente
A Braine já se provou uma força em movimento, com resultados tangíveis e reconhecimento crescente.
Hoje, a Braine já passou por programas de aceleração rigorosos, como o da unidade Embrapii Virtus, e é incubada no Cietec/USP, um celeiro de inovação.
Fomos selecionados para a Startup World Cup – Etapa São Paulo, um reconhecimento do nosso potencial global.
Nossa abordagem inovadora está sendo estudada em um doutorado na USP, com validação científica e técnica que atestam a solidez de nossas propostas.
Estamos em fase avançada de implementação em clínicas, escolas e políticas públicas, com parcerias em andamento que se estendem para a Escócia, Japão e EUA. Isso demonstra que a nossa visão transcende fronteiras e que o problema da neurodiversidade e a busca por tecnologias para inclusão é global.
São milhares de usuários impactados, dezenas de profissionais certificados, centenas de famílias acolhidas — e uma rede crescente de aliados que acreditam em uma nova forma de fazer saúde, educação e tecnologia.
Um propósito que não é sobre mim, mas começa em mim
Quando me perguntam o que é a Braine, eu respondo com calma, com a sabedoria que a jornada me deu e a rebeldia que me impulsiona: “É um mundo que não existia, criado por alguém que nunca coube no mundo que existia.”
Mais do que produtos ou serviços, a Braine é um convite para reconstruir tudo a partir da escuta radical da diferença. Do silêncio da incompreensão à ação, do trauma pessoal à teoria que pode curar o coletivo, da diferença individual ao design de um mundo mais inclusivo.
E essa história está apenas começando.
A jornada de Gabriel Cirino e da Braine é um testemunho de que a inovação mais potente nasce da paixão e da experiência vivida.
A filosofia por trás do CEO: Gabriel Cirino, o Sábio Rebelde Pragmático
Antes de ser CEO da Braine, eu precisei ser CEO de mim mesmo.
E essa talvez tenha sido uma das partes mais difíceis dessa trajetória, criar uma narrativa capaz de dar sentido à minha própria existência, às dores que me atravessaram e às ideias que insistiam em nascer, mesmo quando o mundo dizia que era demais.
Essa foi a fundação sobre a qual Gabriel Cirino construiu sua liderança.
Em meio a diagnósticos, rupturas e reinvenções, fui moldando uma identidade que não cabia nos modelos tradicionais de liderança, nem nos estereótipos do empreendedor de sucesso.
Descobri que minha força não estava em seguir fórmulas pré-existentes, mas em criar sistemas simbólicos a partir das minhas próprias sombras, das minhas próprias singularidades neurodivergentes que me guiam até então com meus ideais de sábio, rebelde e pragmático.
Sábio, porque busca o sentido.
Ser sábio, para mim, não tem a ver com o acúmulo de títulos ou de um conhecimento enciclopédico vasto. Tem a ver com a escuta, com a capacidade de olhar para os detalhes invisíveis, para os padrões ocultos que a maioria ignora, para os silêncios que ninguém ousa nomear.
É a sabedoria de quem compreende a linguagem do não dito, do simbólico.
Eu me reconheci nesse arquétipo quando encontrei Carl Jung e compreendi que os arquétipos não são moldes rígidos, mas forças psíquicas atemporais que nos atravessam. Que o Sábio é aquele que guarda chaves de transformação, e que essas chaves, muitas vezes, estão escondidas no inconsciente coletivo e na linguagem simbólica que a sociedade ainda não aprendeu a decifrar.
E eu acredito que essa sabedoria é o alicerce para a neurodiversidade no Brasil e no mundo.
Ler William James e Charles Sanders Peirce foi como encontrar parentes espirituais: homens que compreendiam a experiência vivida como fonte legítima e vital de conhecimento. Que sabiam que a verdade não é fixa e imutável, mas funcional e contextualmente construída. Que uma teoria só vale se puder transformar a vida real, se tiver impacto. Mais tarde, a obra de Luciano Floridi me mostrou que a informação não é apenas um recurso; é a matéria-prima do século XXI, moldando a própria realidade. E Pierre Lévy confirmou essa visão: o conhecimento está se distribuindo em redes cognitivas, como um novo tecido do real, uma inteligência coletiva que transcende os limites individuais. Essa busca pelo sentido profundo da informação é o que me permite liderar a Braine em sua missão.
Rebelde, porque se recusa a aceitar o mundo como está.
Minha rebeldia nasce da escuta das vozes de quem foi calado, de quem passou uma vida inteira tentando explicar sua mente para sistemas que não querem entender, só corrigir, só padronizar. Essa é a essência do Gabriel Cirino que desafia o status quo.
Não sei explicar como me senti tocado pelas análises de Michel Foucault, ao perceber que o saber e o poder estão entrelaçados e que nomear alguém como “transtornado”, “incapaz” ou “anormal” é uma forma sutil, mas perversa, de controle social e exclusão.
Entendi com Byung-Chul Han que vivemos uma era de excesso de positividade e de imperativo da performance, onde a subjetividade é esmagada em nome da eficiência e onde até o sofrimento precisa ser produtivo, um KPI a ser gerenciado. Mas a dor psíquica é um código, uma mensagem profunda que exige decifração e não apenas supressão.
Por isso, rebeldia para mim é método.
É estratégia simbólica para reprogramar estruturas doentias. É a força motriz para a inteligência artificial em saúde mental que a Braine desenvolve, sempre com um olhar crítico para a ética.
Pragmático, porque transforma tudo isso em sistema.
Não basta pensar bonito ou ter ideias revolucionárias, é preciso fazer funcionar, materializar a visão em soluções concretas, em sistemas que gerem impacto real.
Esse é o meu lado virginiano, sistemático, incansável, que busca a aplicação prática do conhecimento mais profundo.
Sou o tipo de pensador que também é designer, que pensa como quem constrói, que escreve como quem programa, que vê a filosofia não como um exercício abstrato, mas como o blueprint para a arquitetura de novas realidades.
Foi nesse caminho que nasceu minha identidade como Neuropsicanalista Computacional. Um nome que parece provocação — e é. Porque carrega essa a tensão criativa entre campos que, à primeira vista, não conversam: neurociência, psicanálise, inteligência artificial e ciência da informação. Mas é nessa fricção, nesse limite, que mora a minha verdade e a singularidade do trabalho que faço na Braine.
O que é ser um Neuropsicanalista Computacional?
Com Antonio Damasio, aprendi que os sentimentos não são meros estados subjetivos, mas mapas complexos do corpo e da interação com o mundo.
Com Donald Winnicott, compreendi que a criatividade nasce do espaço potencial — o entre-lugar mágico entre a realidade externa e o mundo interno.
Com Wilfred Bion, que pensar é uma função psíquica ativa, não um dom passivo.
Na prática, essa abordagem me permite criar ferramentas tecnológicas que respeitam o inconsciente, plataformas que escutam as singularidades cognitivas sem tentar suprimi-las, sistemas que dialogam com a subjetividade humana sem violentá-la, usando o design inclusivo como base.
Cada produto da Braine tem uma pulsação própria, cada módulo é uma metáfora que se manifesta em código e cada fluxo de UX é um ritual de acolhimento desenhado para gerar segurança e pertencimento.
Essa é a marca de Gabriel Cirino na Braine.
Uma visão de mundo entre o Mito e o Algoritmo
Acredito que vivemos uma transição de era.
Saímos da lógica industrial, passamos pela lógica digital — e agora entramos, de forma decisiva, na era simbólica-informacional.
Nesta nova era, os dados brutos não bastam.
A IA, por mais avançada que seja, não basta.
O progresso técnico por si só não basta.
Precisamos de significado e ética profunda. Precisamos de alma na tecnologia.
Aqui, trago autores como Agostinho de Hipona, que via a verdade não como algo a ser descoberto no exterior, mas como um encontro interior, um mergulho na própria subjetividade. E Paul Ricoeur, que defendia a narrativa como a grande mediadora da identidade humana, a forma como construímos quem somos. Ou ainda Brenda Laurel, que tratava o design de interação não como uma mera funcionalidade, mas como uma forma de dramaturgia viva, uma experiência imersiva.
E entre o sagrado e o software, entre o mito e o algoritmo, encontro minha função: sou um tradutor. Um ritualista da tecnologia, integrador de camadas que, à primeira vista, parecem desconectadas.
Como disse certa vez Joseph Campbell, o herói é aquele que sai do mundo comum para trazer um elixir ao coletivo. No meu caso, o elixir é um sistema cujo nome é Braine.
Pensar como ritual, agir como código, curar como Design.
Minha filosofia é simples e se traduz em um triângulo de ação: Transformar a dor em design, o desejo em dado e o silêncio em sistema.
Esse é o triângulo que sustenta minha atuação como CEO, como pesquisador e como ser humano. E é isso que me guia todos os dias: o desejo de criar uma realidade onde pessoas neurodivergentes não precisem mais se adaptar a um mundo feito para poucos — mas possam, enfim, viver em sistemas feitos também por elas e para elas, com o apoio da inteligência artificial em saúde mental e um design inclusivo.
O futuro da neurodiversidade e o papel da Braine
O futuro é um espiral de retornos e rupturas. Um lugar onde o simbólico e o tecnológico se entrelaçam em uma dança complexa, onde as antigas feridas se tornam códigos de transformação. E é exatamente nesse futuro que a Braine caminha: com um pé no pragmatismo da inteligência artificial e outro na poética da neurodiversidade.
Estamos entrando em uma década crítica.
As mudanças climáticas aceleradas, as crises globais de saúde mental, a explosão sem precedentes da inteligência artificial, a aceleração das desigualdades sociais — tudo isso está pressionando os sistemas sociais, educacionais e econômicos a se reinventarem em uma velocidade nunca antes vista.
Mas reinvenção sem inclusão é um erro que não podemos mais cometer. E é aí que a neurodiversidade entra como o núcleo da revolução sensível e sistêmica que precisamos ativar para construir um futuro verdadeiramente sustentável e humano.
COP30, IA e o Novo Pacto Social: O compromisso global de Gabriel Cirino
Em 2025, a Braine inicia sua trajetória internacional com um marco histórico para nós nossa participação ativa no contexto da COP30. Embora o evento trate principalmente de mudanças climáticas, é impossível falar de sustentabilidade ambiental sem falar de bem-estar mental, justiça social e inclusão cognitiva.
Afinal, o que é um planeta sustentável se continuarmos ignorando os modos diversos de sentir, pensar e existir? Não há sustentabilidade sem humanidade plena.
Levamos para a COP30 através do SciBiz, e para todo o cenário global de inovação, a convicção inabalável de que neurodiversidade também é biodiversidade, e que, proteger e valorizar mentes atípicas é uma forma legítima e urgentíssima de regenerar o tecido da humanidade, de construir uma resiliência social que transcende o puramente ambiental.
A IA inclusiva é o próximo grande passo da humanidade, e a Braine está liderando esse caminho.
Estamos desenhando modelos de linguagem que não apenas respondem, mas que respeitam a subjetividade e a dignidade humana. Assistentes como a Bruna AI, que não apenas entregam informações, mas escutam com profundidade, utilizando a inteligência artificial em saúde mental com uma nova abordagem. Ferramentas como o AURA-T, que identificam padrões não para rotular ou diagnosticar de forma fria, mas para orientar com sensibilidade, pavimentando o caminho para o diagnóstico precoce autismo IA.
Chamamos isso de ética algorítmica aplicada à escuta simbólica. Um campo emergente onde cada linha de código carrega não só lógica computacional, mas também responsabilidade afetiva e um compromisso inabalável com o bem-estar humano.
Essa é a prova de que a tecnologia pode, e deve, ter alma.
O papel inovador das startups com alma: O Modelo Braine
O que as Startups precisam entender para já, é que nós somos organismos vivos com um potencial de mutação social imenso, capazes de inovar onde sistemas maiores e mais lentos não conseguem. Mas para isso, precisam de alma, visão e propósito que vá além do lucro.
Na Braine, recusamos a lógica do crescimento cego e irresponsável. Nosso modelo é híbrido: ele une o impacto social mais profundo com a sustentabilidade financeira, a inovação técnica de ponta com o compromisso humano inegociável.
Estamos construindo soluções que podem escalar sim, mas sem perder o sentido, sem apagar o sujeito, sem replicar as falhas dos sistemas antigos. Essa é a diferença da Braine no ecossistema de startups inclusivas.
Trabalhamos incansavelmente com prefeituras, clínicas, escolas, universidades, movimentos de base e fundos de investimento. Somos ponte entre o Brasil profundo e o mundo digital. Entre o interior de Minas e os laboratórios de pesquisa da Escócia e do Japão. Entre uma mãe angustiada num posto de saúde buscando informações sobre autismo para seu filho e um pesquisador da USP que modela o inconsciente com redes neurais.
Essa é a beleza da Braine: ela é concreta como um aplicativo que você usa diariamente, mas simbólica como um oráculo que revela novos caminhos.
A Braine é a personificação da minha visão como CEO: conectar mundos, traduzir linguagens e construir soluções com alma.
Uma nova lente para a inteligência
O que eu prego diariamente é que o conceito de neurodiversidade é uma nova forma radical de interpretar a inteligência humana em toda sua pluralidade e complexidade.
Se a sociedade atual foi desenhada para cérebros lineares, padronizados e obedientes, o futuro exige o contrário: mente divergente, pensamento sistêmico, criatividade, intuição e sensibilidade adaptativa.
Uma coisa é fato…as demandas do século XXI clamam por essas qualidades.
Pessoas com TDAH, autismo, dislexia, altas habilidades e outras formas de cognição são a vanguarda adaptativa de um novo mundo em construção. São as mentes que naturalmente desafiam o pensamento convencional, que veem soluções onde outros só veem problemas, que sentem o mundo de formas que nos enriquecem a todos.
Por isso, cada linha de código da Braine, cada interface de usuário, cada estratégia de comunicação carrega essa missão: transformar as exclusões do passado em estruturas inclusivas para o futuro. É a nossa forma de garantir que a neurodiversidade não seja mais reconhecida como um fardo, mas sim como um motor de inovação e progresso.
O legado de Gabriel Cirino
Como pesquisador, tenho me dedicado a desenvolver a Teoria Geral do Inconsciente Informacional Computacional (TG-IIC). Uma proposta audaciosa para pensar o inconsciente não como um porão isolado da mente, mas como uma rede simbólica-informacional que atravessa corpos, algoritmos, redes e instituições. É uma ponte entre o que é profundamente humano e o que é puramente digital.
Essa teoria não vive apenas nos livros e artigos científicos. Ela está sendo testada e validada nas soluções da Braine. Está embutida no jeito como escrevemos nossos relatórios, como estruturamos nossos fluxos de triagem, como programamos nossos agentes inteligentes.
É a base filosófica por trás da Bruna AI, por exemplo.
Essa é a minha contribuição para a neurociência, a ciência da informação e a saúde digital.
O mundo que estamos construindo é para todos
O mundo que estamos construindo precisa da intensidade que transforma, da complexidade que organiza o caos em soluções, da “dificuldade” que exige tradução e escuta radical.
A Braine é uma dessas traduções.
Ela é o sistema que eu queria ter acessado aos 7 anos, aos 17, aos 27.
Ela é o lugar que eu precisei criar porque ele ainda não existia, a minha história é a prova de que a necessidade gera a inovação mais profunda.
E, como toda criação verdadeira, ela não é só sobre mim. É sobre milhões de pessoas que nunca couberam em lugar nenhum, e que agora podem finalmente, começar a habitar o mundo com mais dignidade, pertencimento e potência, graças a um ecossistema que as compreende e as apoia.
O mundo que estou construindo é para todos, mas começa com os que nunca couberam em nenhum lugar.
Junte-se à revolução da Braine!
Se você compartilha da nossa paixão por desvendar os segredos do cérebro e acredita que a neurociência pode ser a chave para um futuro de cuidado mais justo e eficaz, o seu lugar é aqui. Não aceitamos menos que a transformação, e sabemos que ela começa com profissionais e visionários que, assim como nós, ousam pensar diferente.
Conheça o AURA-T, nossa ferramenta de triagem pré-diagnóstica que já está revolucionando a identificação do autismo no Brasil. Ele é um testemunho de como o conhecimento, a tecnologia e a sensibilidade clínica podem se unir para criar um impacto profundo. Queremos você na linha de frente dessa mudança: seja um dos nossos beta testers do AURA-T e ajude a moldar o futuro da clínica em tempo real.
E marque na sua agenda: entre os dias 4 e 8 de agosto, estaremos no II Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade 2025. Será uma imersão em debates sobre o futuro do cuidado sob uma perspectiva interdisciplinar, um espaço para trocas, aprendizado e construção coletiva com mentes que não se conformam com o que já existe.
Transformar o cuidado começa por quem se dispõe a sentir, escutar e agir de outro jeito. Esse futuro, pautado pela inteligência do cérebro e pela coragem de inovar, precisa da sua presença. Venha com a Braine.