Família na Escola: Fortalecendo o Respeito

Como a família e a escola podem trabalhar lado a lado na construção do respeito entre os alunos

Uma criança que se entende e se respeita, também ensina sobre respeito para os amigos e professores.

Você sabe como a dinâmica familiar de crianças neuroatípicas impactam no desenvolvimento escolar delas?

Como já estou acostumado a dizer: neurodivergência não é sinônimo de limitação — é uma maneira diferente e única de estar no mundo e se apresentar à ele.

Autismo, TDAH, dislexia e outras condições são variações naturais do cérebro humano que resultam em diferentes jeitos de aprender, interagir e sentir.

E no meio desse processo todo, o papel da família é um dos mais influentes na vidas dessas crianças que no futuro se tornarão adultos dentro de uma sociedade que ainda vem se acostumando com as diferenças.

A forma como uma criança é acolhida dentro de casa reflete diretamente nas atitudes dela dentro da escola, e quando família e escola conseguem trabalhar juntos, essa criança encontra um espaço seguro para se abrir e se desenvolver sem amarras.

O papel da família

Muitos pais acreditam que a educação de seus filhos se limita aos bens materiais que eles tem obrigação de entregar. “Eu trabalho muito pra por comida no seu prato! Não preciso me preocupar com sua educação.” é o que muitas crianças, infelizmente, acabam ouvindo de seus próprios pais.

O prato de comida todos os dias é importante sim para o desenvolvimento de uma criança.

Porém o carinho no trato, o acolhimento no dia a dia, a escuta dos problemas e o abraço de quem diz “eu estou aqui por você”, “eu te entendo” também são muito importantes para uma criança se sentir realmente em casa.

Quando o responsável de uma criança está presente de corpo e coração, essa criança se sente segura para ser quem ela é, para contar seus segredos e medos.

E isso sim, a torna mais confiante para ser quem ela é na escola e em todos os lugares.

Parents and son with Down syndrome drawing on digital tablet
A presença na vida de uma criança é uma das coisas mais valiosas que um pai pode oferecer

A influência da família dentro da sala de aula

No Dia da Família na Escola, precisamos lembrar sobre como é importante esse papel ativo dos pais na vida dos alunos, porque é essa relação que reflete o comportamentos deles dentro da sala de aula e de todos os outros espaços que esse aluno frequenta.

É mais do que uma data comemorativa, é a chance de mudar suas atitudes.

Essa mudança de atitute pode transformar até mesmo o ambiente escolar, uma vez que a direção e os professores entendem as neurodiversidades dos alunos e comos eles são acolhidos em casa, podendo adaptar o ambiente escolar e a rotina desses alunos para que eles também se sintam acolhidos na escola.

Quando pais, responsáveis e educadores se unem com um objetivo comum — entender e apoiar cada criança como ela é — a inclusão deixa de ser um ideal distante e vira prática diária.

O que a escola aprende ao escutar

Famílias que compartilham com a escola as necessidades, os desafios e as conquistas de seus filhos estão ajudando a construir um ambiente onde cada aluno tem voz.

E mais do que isso, elas ajudam a fortalecer uma cultura escolar que visa o respeito a individualidade de cada um.

Com esse diálogo entre pais e alunos é possível:

  • Ajustar práticas pedagógicas
  • Acolher da forma correta comportamentos atípicos
  • Alterar rotinas e as dinâmicas de ensino para conseguir mais resultados
  • Criar momentos que os professores e crianças podem conversar sobre diversidade e respeito

Young school kids running on a walkway in their school
A escola precisa deixar de ser um molde rígido para se tornar um organismo vivo

A escola precisa deixar de ser um molde rígido para se tornar um organismo vivo, que aprende com quem está dentro dela.

O impacto da neurodiversidade na construção de uma escola mais humana

Incluir é adaptar e mudar a mentalidade.

Quando a escola entende a necessidade disso e que a neurodiversidade está presente na rotina escolar, ela naturalmente desafia os padrões impostos por uma educação retrógada que ainda se integra em muitas escolas.

E convida todos a pensarem como podemos lidar com um novo processo de aprendizagem que crie relações mais humanas.

É nessa convivência pautada no respeito entre diferentes estilos cognitivos e emocionais que nascem futuros adultos mais empáticos, mais atentos ao outro e mais preparados para um mundo que exige colaboração.

E agora? 3 passos possíveis para começar a mudança hoje

  1. Incentive a empatia dentro de casa:

Fale sobre respeito às diferenças de forma natural no dia a dia.

Assista filmes, leia livros com protagonismo neurodivergenteconvide seu filho a refletir sobre como ele se sente e como os colegas também se sentem.

(Confira a lista que fizemos de 5 livros infantis que falam sobre neurodiversidade e respeito

2. Participe ativamente das atividades escolares:

    Seja presente no dia a dia do seu filho, se engaje nas decisões escolares, participe das reuniões e apoie os professores.

    3. Exija uma escola que valorize a diversidade:

      Como responsável você tem o poder (e o dever) de cobrar posicionamento.

      Pergunte quais são as práticas de inclusão da escola, questione se há formação continuada dos professores sobre neurodivergência e peça por adaptações reais no ensino.

      redhead schoolboy showing laptop to african american teacher near classmates, back to school concept
      O Dia da Família na Escola é um lembrete de que educação não se constrói sozinha.

      Quando há parceria entre escola e casa, a mudança fica aparente não só nos boletins, mas na própria crianças, nas amizades que ela constrói e no seu senso de pertencimento.

      A Braine nasceu justamente com esse propósito: unir ciência, educação e afeto para repensar como lidamos com a neurodiversidade.

      Criada na maior universidade da América Latina, a USP, carregamos em nosso DNA o compromisso com um futuro mais humano, informado e inclusivo.

      Por isso convidamos você para participar do no nosso Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade 2025 nos dias 2 a 6 de junho e a conferir nosso último post: Quando o diagnóstico do filho revela o dos pais.

      Como os animais podem ajudar no cuidado de pessoas neurodivergentes?

      Ter um animalzinho de estimação por si só já é capaz de transformar toda a nossa vida e rotina — e quando falamos sobre pessoas neurodivergentes essa conexão vai além.

      Estudos clínicos mostram que os animais ajudam na regulação emocional e fortalecem a autonomia de pessoas neuroatípicas.

      Além do amor sem precedentes, um animal de assistência é capaz de auxiliar na melhora da qualidade de vida de inúmeras pessoas.

      O apoio emocional que acalma e acolhe pessoas neurodivergentes

      Para pessoas com autismo, TDAH e outras condições do neurodesenvolvimento, o mundo pode ser excessivamente barulhento e hostil.

      A presença de um animal de assistência pode servir como uma âncora sensorial e emocional.

      Interações simples — como um cachorro deitado ao lado, o som rítmico de um gato ronronando, ou o toque do pelo durante uma crise de sobrecarga sensorial — são capazes de reduzir o cortisol (hormônio do estresse) e aumentar a produção de ocitocina, o hormônio associado ao bem-estar e à confiança.

      Isso não é intuição — é ciência.

      Estudos como este publicado na Frontiers in Psychology confirmam os benefícios da interação entre pessoas neurodivergentes e animais.

      Woman with White Horse in Stables
      Atualmente a equoterapia como forma de tratamento de pessoas neurodivergentes tem tomado cada vez mais espaço

      Cães de serviço e suporte emocional

      Animais de suporte emocional e cães de serviço são treinados especificamente para acompanhar pessoas neurodivergentes.

      Eles ajudam na prevenção de crises em locais públicos, dão suporte físico e emocional, contribuem com rotinas estruturadas e, principalmente, proporcionam um senso de segurança constante.

      Em crianças, especialmente, o vínculo com o animal pode ser o primeiro canal real de comunicação com o mundo exterior.

      Se comunicar com o animal para se comunicar com o mundo

      Uma das maiores dificuldades relatadas por pessoas neurodivergentes é a sensação de não ser compreendido. Com os animais, essa barreira cai. Eles não cobram respostas verbais, não julgam, não exigem performance.

      Esse espaço de aceitação total é terapêutico e para muitas crianças isso representa a primeira possibilidade real de experimentar afeto sem condicionamentos.

      A comunicação não-verbal, que muitas vezes é o ponto forte de pessoas neurodivergentes, é respeitada e valorizada nesses vínculos.

      Woman with Dog by Lake
      O vínculo com o animal pode ser o primeiro canal real de comunicação com o mundo exterior

      Autonomia e rotina

      Para as crianças, ter um animal de estimação pode ser o ponto de partida para desenvolver habilidades de organização e responsabilidade.
      A autonomia dada por essas responsabilidades auxilia no desenvolvimento de habilidades que acompanham as necessidades do animal:

      • Cuidados com higiene
      • Necessidade de atenção
      • Saúde e alimentação
      • Adestramento
      • Olhar atento às mudanças comportamentais

      Para pessoas com TDAH, por exemplo, a repetição e o vínculo afetivo com o animal ajudam a estabelecer rotinas — algo que em muitos casos é difícil de manter com base apenas em obrigações sociais.

      Terapias assistidas por animais: o que diz a prática clínica?

      Técnicas como a equoterapia (com cavalos) e a zooterapia (com cães e outros animais) vêm ganhando cada vez mais espaço em instituições de saúde e educação.

      No Hospital Albert Einstein, por exemplo, a Terapia Assistida por Animais (TAA) já é parte dos protocolos complementares de cuidado.

      A convivência com animais durante a infância é capaz de transformar a rotina de uma criança

      A relação entre humanos e animais nunca foi só sobre companhia

      Você ja deve ter ouvido a expressão “o cachorro é o melhor amigo do homem”, certo?

      Hoje os animais de estimação já são considerados parte da família por muitas pessoas, e isso não é por acaso. Os laços criados entre humanos e animais são verdadeiros, é amor como qualquer outro tipo de amor!

      Se esse carinho é capaz de curar tantas dores internas, por que não utilizar desse companheiro como parceiro de tratamento de pessoas neuroatípicas?

      Em um mundo que ainda mede a funcionalidade humana por métricas produtivas, os animais ensinam — e sem dizer uma palavra — que resultados também são construídos com o acolhimento e a presença.

      Vamos aprofundar essa conversa?

      Leia mais curiosidades sobre neurodiversidade e a influência da inteligência artificial nos estudos hoje em dia no blog da Braine.

      Participe do próximo Encontro sobre Diversidade e Inclusão nos dias 2 a 6 de junho, vamos falar também sobre o papel da tecnologia e das práticas integrativas no cuidado de pessoas neurodivergentes.

      Legado de Empatia: Papa Francisco e seu Apoio à Neurodiversidade e Inclusão

      Com o falecimento do Papa Francisco, recordamos seu legado marcante de compaixão e defesa incansável pela inclusão das pessoas neurodivergentes, especialmente crianças autistas.

      Gestos que valem mais que palavras: O Papa Francisco e a inclusão na prática

      O pontificado do Papa Francisco (2013-2025) ficou conhecido por sua empatia genuína e por suas atitudes de acolhimento com todos, mas principalmente com minorias sociais e crianças neurodivergentes.

      Um momento inesquecível ocorreu durante uma audiência pública, quando uma criança autista subiu espontaneamente ao palco, e ao invés de afastá-la, o Papa interrompeu seu discurso e acolheu-a com um sorriso caloroso, permitindo que permanecesse ao seu lado durante todo o evento.

      Este gesto demonstrou ao mundo inteiro o valor da inclusão espontânea, genuína e humana.

      Confira o vídeo do momento no canal da Tv Brasil

      Papa Francisco acolhendo criança com autismo durante audiência pública, simbolizando seu compromisso real com a inclusão.

      Uma metáfora poderosa: cada pessoa como uma flor única

      Em setembro de 2020, durante um encontro com crianças do Centro para o Autismo “Sonnenschein” na Áustria, o Papa Francisco compartilhou a seguinte mensagem:

      “Deus criou o mundo com uma grande variedade de flores, de todas as cores. Cada flor tem sua própria beleza, que é única. Cada um de nós também é belo aos olhos de Deus, e Ele ama-nos.”

      Essa metáfora feita pelo líder religioso lembrou à todos sobre a singularidade de cada pessoa e como há beleza nas diferenças, principalmente na neurodiversidade.

      Papa Francisco visita o Centro Sonnenschein para o Autismo, reforçando seu compromisso com a valorização da neurodiversidade.

      Combatendo o isolamento e promovendo redes de apoio

      Um dos aspectos mais marcantes da atuação do Papa Francisco foi sua consistente defesa da criação de redes de apoio para pessoas autistas e suas famílias.

      Reconhecendo o impacto devastador do isolamento social, Francisco apelou repetidamente à importância da integração comunitária, envolvendo os familiares, educadores, profissionais de saúde e comunidades religiosas.

      Ele frequentemente ressaltava que abraçar a neurodiversidade é uma responsabilidade ética e uma oportunidade de crescimento para todo o coletivo, pois isso gera aprendizado mútuo.

      Uma inspiração para a Braine e a sociedade

      A visão do Papa Francisco sobre a neurodiversidade inspira continuamente nossos esforços dentro da Braine para transformar a sociedade em um lugar mais inclusivo.

      Seguimos comprometidos em criar espaços sociais, educacionais e profissionais onde cada indivíduo possa expressar plenamente seu potencial, independentemente das diferenças neurobiológicas.

      Ao refletirmos sobre a herança deixada por Francisco, torna-se ainda mais clara a responsabilidade de continuar esta trajetória que prega o respeito e a inclusão de todos.

      Que a memória e o legado do Papa Francisco nos estimulem diariamente a lutar por um mundo onde a neurodiversidade não seja apenas aceita, mas valorizada e respeitada.

      Quer saber mais sobre o trabalho da Braine?

      Acesse o nosso blog e confira os últimos conteúdos sobre neurodiversidade tanto em crianças quanto em adultos!

      Quando o diagnóstico do filho revela o dos pais

      Quando o olhar para o outro vira um espelho para dentro

      O diagnóstico de uma criança neurodivergente — seja com autismo, TDAH ou dislexia — costuma ser um marco na vida da família.

      É nesse momento que muitos pais se veem, pela primeira vez, diante de um espelho quando olham para os filhos e reconhecem padrões, comportamentos e dificuldades que eles também identificam em si mesmos.

      A partir desse momento, se inicia uma nova e tardia caminhada de autodescoberta. Emocionalmente densa, mas profundamente libertadora.

      Smiling girl with parents and dog at wooden wall
      diagnóstico de pais e filhos

      Por que isso acontece?

      Por muito tempo, os diagnósticos de condições neurodivergentes foram baseados em estereótipos, voltados principalmente para crianças — e em especial, meninos.

      Isso fez com que muitos diagnósticos fossem mal compreendidos, especialmente no caso da chamada síndrome de Asperger, que levou a diversos diagnósticos errôneos em pessoas que tinham autismo – e o contrário também acontecia.

      Muitas gerações cresceram mascarando seus sintomas e lidando com as frustações da rotina. Esses adultos quando recebem o diagnóstico de seus filhos, enxergam aquilo que sempre esteve ali.

      Como esse ciclo pode transformar famílias?

      Para esses pais, a descoberta da neurodivergência vem acompanhada de um misto de alívio e dor. Alívio por entender o que antes era vivido como inadequação. Dor por não terem sido vistos ou acolhidos em sua infância.

      Mais do que um diagnóstico, esse processo é um convite para escrever um novo caminho, se perdoar, se conhecer e, principalmente, se enxergar com mais amor e empatia.

      • Relação entre pais e filhos mais compreensiva e menos punitivista
      • Busca por tratamento que melhoram a qualidade de vida
      • Adaptação de atividades que antes não se adequavam a família
      • Entendimento interpessoal e coletivo
      Happy asian parents with son and daughter preparing breakfast in kitchen
      crianças e pais

      Os desafios sempre vão existir, mas…

      Nenhuma jornada é igual, pais que descobrem sua neurodivergência a partir dos filhos não estão atrasados: estão exatamente onde precisam estar. Porque muitas vezes, é no ato de cuidar que a gente finalmente aprende a se cuidar também.

      Vamos continuar essa reflexão?

      Participe do Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade, que acontece de 2 a 6 de junho. Vamos juntos construir um futuro mais empático, com informação de verdade.

      7 mitos que te contaram sobre a neurodivergência

      A neurodivergência é um tema que tem ganhado cada vez mais holofotes, e com isso, a desinformação também tem crescido.

      O que muitas vezes é entendido erroneamente, precisa ser desmistificado para que possamos construir uma sociedade que preza pela inclusão de pessoas neurodivergentes.

      Neste texto vamos abordar 7 mitos que ainda persistem sobre a neurodiversidade e como eles impactam a maneira como vemos as pessoas neurodivergentes.

      Sunflower lanyard, symbol of people with invisible or hidden disabilities.
      colar neurodiversidade

      1. Neurodivergência é só autismo e TDAH

      A neurodiversidade abrange uma ampla gama de condições, incluindo TDAH, dislexia, transtornos de aprendizagem e outras condições neurológicas. O autismo e o TDAH são somente duas das formas de neurodivergência que existem, contudo são as que mais se popularizaram nas redes.

      2. Pessoas neurodivergentes são menos inteligentes

      Ser uma pessoa neuroatípica não te faz menos inteligente. Pelo contrário, alguns neurodivergentes são considerados superdotados e muitos possuem habilidades extraordinárias como: uma memória excepcional, capacidade de foco em detalhes específicos ou habilidades únicas em atividades técnicas e criativas.

      Acreditar que a condição neurológica limita a inteligência de uma pessoa não passa de preconceito.

      3. Ser neurodivergente é ser doente

      A neurodivergência é uma variação natural do funcionamento do cérebro humano que se difere do que é considerado típicamente esperado ou normal.

      Não se trata de uma doença, nem de algo que precisa ser “consertado” é apenas uma maneira diferente de processar e interagir com o mundo.

      Encarar a neurodivergência como um erro a ser corrigido desumaniza pessoas que simplesmente vivenciam a realidade de forma distinta das normas neurotípicas.

      4. Pessoas neurodivergentes não podem ter uma vida profissional bem-sucedida

      Com as adaptações certas no ambiente de trabalho, pessoas neurodivergentes podem ser altamente produtivas e alcançar toda as suas metas profissionais.

      A chave está em criar espaços inclusivos que permitam que essas pessoas se destaquem de acordo com suas habilidades únicas. Muitos profissionais neurodivergentes, especialmente no campo da tecnologia, tem apresentado habilidades incríveis na atuação com a inovação devido a sua criatividade.

      5. Autismo é sempre acompanhado de deficiência intelectual

      O autismo é um espectro, portanto, varia amplamente de pessoa para pessoa. Muitas pessoas no espectro autista tem inteligência dentro da média ou até acima da média, mas podem ter desafios em áreas como comunicação social e comportamentos repetitivos.

      A ideia de que todo autista tem deficiência intelectual é uma visão restrita e prejudicial.

      6. Pessoas neurodivergentes são incapazes de ter empatia ou de se conectar com os outros

      A capacidade de empatia não está ligada à neurodivergência, por isso não podemos generalizar.

      Muitas pessoas neurodivergentes tem uma compreensão profunda das emoções e das necessidades dos outros, ao mesmo tempo que enfrentam grandes dificuldades em expressar as suas próprias.

      Contudo, algumas pessoas apresentam sim falta de empatia como sinal da neurodivergência, mas isso não faz dela uma pessoa ruim.

      Entenda sobre isso lendo nosso post sobre variações de humor em pessoas neurodivergentes.

      7. A neurodivergência é algo raro e pouco comum

      De acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) dos Estados Unidos, cerca de 1 em cada 36 crianças foi identificada com transtorno do espectro autista (TEA) . Essa estimativa representa um aumento em relação a dados anteriores, refletindo a necessidade de uma maior conscientização e melhorias nos métodos de diagnóstico.​

      Segundo a OMS, 15% da população mundial é considerada neurodivergente, ou seja, no Brasil somos mais de 30 milhões.

      O conceito de neurodiversidade é muito mais amplo do que ouvimos por aí

      Como lidar com os mitos sobre neurodivergência?

      Desmistificar esses mitos é importantíssimo para criar um ambiente saudável para todas as pessoas.

      A educação é um dos principais caminhos para combater fake news sobre a neurodiversidade, tanto em escolas quanto no local de trabalho e na sociedade como um todo.

      Precisamos questionar as convenções e criar espaços onde todas as diferenças possam ser reconhecidas e respeitadas.

      Foi com esse compromisso que a Braine nasceu dentro da USP — a maior universidade da América Latina. Nossa base é científica, sólida e comprometida com a transformação real do estudo da saúde mental no Brasil.

      A mudança começa com o conhecimento

      Se você quer entender mais sobre como a neurodiversidade está mudando o panorama social e profissional, participe do Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade, que acontece entre os dias 2 e 6 de junho.

      Vamos juntos construir um futuro mais inclusivo para todos!

      Quer saber mais sobre como tecnologia e saúde podem caminhar juntas?

      Acesse: Quando o adolescente descobre que é neurodivergente – Braine Digital

      Neurodivergência em povos indígenas

      Diagnóstico, cultura e invisibilidade: onde estão os indígenas neurodivergentes?

      A neurodivergência é frequentemente discutida sob uma perspectiva urbana. No entanto, entre os povos indígenas, essas questões são envoltas por uma capa de invisibilidade que nos apresenta os desafios vividos e barreiras culturais enfrentadas até os dias atuais.

      Este texto explora como a neurodivergência é percebida e tratada nas comunidades indígenas, destacando as necessidades que ainda existem e como o governo pode e deve ajudar no acolhimento e inclusão dessas pessoas.​

      O acesso ao diagnóstico

      Estudos indicam que o diagnóstico de condições neurodivergentes em comunidades indígenas é extremamente escasso, uma vez que essa populações tem pouco acesso a médicos profissionalizados na área neural.

      Um artigo de 2016 sobre saúde mental em contextos indígenas, conta que estudos que foram feitos nos anos anteriores identificaram sintomas de TDAH em 13 de 53 crianças da etnia Karajá na Ilha do Bananal, sugerindo uma prevalência significativa da condição nessa população.

      A escassez de serviços especializados e as barreiras geográficas dificultam o acesso preciso a diagnósticos e tratamentos adequados para muitas comunidades indígenas.

      Essa falta de assistência contribui para a invisibilidade dessas pessoas na sociedade, deixando de lado questões de saúde pública, como é o caso dos diagnósticos de neurodivergência.

      Caminhos para a inclusão

      • Desenvolver políticas públicas voltadas aos povos indígenas que considerem as especificidades das comunidades indígenas.​
      • Investir em formação de profissionais de saúde, capacitando-os para reconhecer e respeitar as particularidades culturais no diagnóstico e tratamento.​
      • Fomentar pesquisas interdisciplinares e projetos, que envolvam as próprias comunidades indígenas na construção do conhecimento sobre neurodivergência.​

      Quer aprender mais sobre o tema?

      A neurodivergência entre os povos indígenas é uma realidade que requer mais atenção e respeito.

      Somente com uma abordagem interseccional e inclusiva será possível garantir que todas as pessoas neurodivergentes, independentemente de sua origem, tenham acesso aos cuidados e ao respeito que merecem.

      No nosso artigo sobre Saúde 5.0, exploramos como inovação junto a empatia pode transformar o cuidado de pessoas neuroatípicas.

      5 livros infantis que falam sobre neurodiversidade e respeito

      Não existe magia maior na vida de uma criança do que quando ela finalmente se vê representada no mundo.

      Crianças neurodivergentes costumam crescer se sentindo diferentes por acreditarem que ninguém as entende ou que não são capazes de se encaixar no mundo.

      A literatura infantil tem o poder de transformar essa percepção a medida que protagonistas neurodivergentes são criados, histórias que retratam as diferenças são escritas e a leitura é incentivada dentro da escola e de casa.

      5 livros que ensinam sobre respeito e diversidade para crianças:

      1. Meu Amigo Faz iiiii – Andréa Werner

      Este livro é uma ótima ferramenta para introduzir o tema do autismo à crianças, a narrativa conta a história de Nil e Bia, uma amizade que cresce graças ao cuidado e empatia que Bia tem pelas diferenças do amiguinho autista Nil. O tema do autismo é abordado de forma sensível e natural, zelando pelo respeito e amizade entre crianças.

      2. Tudo bem ser diferente – Todd Parr

      Este livro apresenta as diferenças individuais de forma visual e bem didática, promovendo a aceitação e o respeito desde a infância, abordando temas como adoção, separação dos pais, deficiências físicas e preconceito racial com uma leveza sem precedentes.

      3. Dá Licença, Sou Autista – Vanda Pinheiro

      A obra aborda com sensibilidade os desafios enfrentados por alunos autistas no ambiente escolar. Por meio de elementos visuais e muita sensibilidade, o livro mostra como estratégias pedagógicas simples e adaptações do espaço podem transformar a experiência de aprendizagem e promover a inclusão desses alunos.

      4. O fone que não toca música – Selma, do Mundo Autista

      A narrativa tem como foco principal o autismo, o bullying e a inclusão através da história de Eric, um menino autista que sofre bullying na escola. A narrativa destaca a importância do respeito às diferenças e da empatia entre as crianças.​

      5. Do jeito que você é – Walter Sagardoy

      Representando as diferenças e celebrando a diversidade, esta obra mostra que cada pessoa tem seu próprio jeito de ser. Com ilustrações delicadas, o livro incentiva as crianças a se aceitarem como são e a valorizarem as diferenças dos outros.​

      O papel da literatura na infância

      Livros infantis tem o poder de transportar crianças a mundos imaginários onde tudo é possível, inclusive aprender sobre respeito, amizade, coragem e etc.

      Ao ser incentivada a ler histórias sobre diferentes assuntos a criança desenvolve inúmeras habilidades emocionais que a acompanharão por toda a vida.

      Fazer uma criança neurodivergente se sentir vista e ouvida é um dos papéis da literatura infantil. Aprender sobre as diferenças de cada um e enxergar-se em um personagem a ajuda a validar seus sentimentos e se reconhecer como um ser pertencente a esse mundo.

      Ao mesmo tempo, ela aprende a respeitar os amigos e que ser diferente é, na verdade, a coisa mais normal do mundo. Afinal todos nós somos diferentes uns dos outros.

      Schoolgirl looking for book for reading in school library. Student choosing literature for reading
      livros infantis neurodiversidade

      A transformação está no dia a dia

      Quando uma criança encontra uma personagem igual a ela dentro de uma história infatil, algo dentro dela se alinha e isso transforma tudo: sua autoestima, suas amizades, seu desenvolvimento e sua ideia de pertencimento.

      Que tal começar a introduzir essas leituras no dia a dia das suas crianças?

      Quer aprender mais sobre neurodiversidade na infância e adolescência? Leia mais em: Quando o adolescente descobre que é neurodivergente – Braine Digital

      Participe do nosso Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade que acontecerá nos dias 2 a 6 de junho.

      Mês do Autismo: Inteligência Artificial e Inclusão

      No mês da conscientização do autismo vemos vários posts com fitas coloridas e frases prontas sobre inclusão.

      Contudo, há uma pergunta que poucos se fazem: será que eu realmente entendo o que é autismo?

      Criança

      O que é autismo para além das definições

      Quando você pesquisa sobre autismo no Google um dos primeiros resultados que a inteligência artificial gera é:

      “O autismo, atualmente chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social.”

      Porém, o autismo e outras neurodivergências, vão muito além do significado exposto no diagnóstico, ele faz parte do dia a dia da pessoa neurodivergente e está em todas as suas ações.

      O autismo que ninguém vê: mulheres, adultos e os casos invisibilizados

      Por conta da construção social dos papeis de gêneros impostos desde a infância, as mulheres autistas tendem a desenvolver desde cedo estratégias de camuflagem social, adaptando sua fala, comportamento e expressões para se encaixar em um padrão esperado.

      Por isso, os sinais importantes para diagnósticos tardios acaba sendo mascarado e confundido com sintomas de depressão, ansiedade e transtornos de personalidade.

      Leia mais sobre o aumento dos diagnósticos de autismo em mulheres, apesar dos desafios, no site do Dráuzio Varella.

      Com os avanços na discussão sobre neurodiversidade os diagnósticos em mulheres tem aumentado e o estudo tem sido aperfeiçoado.

      Porém, devido ao preconceito e a falta de preparo de alguns profissionais de saúde, mulheres e adultos no geral ainda sofrem muito para conseguir um diagnóstico correto.

      Em adultos, a busca por respostas costuma vir depois de anos de sofrimento emocional, relacionamentos difíceis e a constante sensação de estar fora da curva.

      A verdade é que a neurodivergência não tem uma apresentação única — e quando ignoramos essa diversidade, deixamos muitas pessoas sem apoio.

      Reconhecer os sinais menos óbvios é o primeiro passo para garantir a dignidade dessas pessoas.

      Depressed women in bed. Top view of young sad women lying on the bed and hiding her face in hands
      mulher

      Diagnóstico precoce: o que mudou com a tecnologia

      Plataformas como a Braine estão revolucionando a forma como a neurodivergência é identificada, criando um espaço mais acessível e menos traumatizantes para crianças, adolescentes e adultos – Saiba mais sobre o diagnóstico em jovens em: Quando o adolescente descobre que é neurodivergente – Braine Digital

      Com apoio de dados, algoritmos éticos e redes interdisciplinares, o diagnóstico precoce deixou de depender só da intuição de um ou dois profissionais. Estamos saindo da lógica da exclusão e caminhando para o acolhimento digital — onde a tecnologia funciona como ponte e não como barreira. E quando a escuta é feita com código e sensibilidade, o resultado é potente.

      Conscientizar é incluir: o papel de empresas, escolas e da sociedade

      Abril é o mês da conscientização do autismo.

      Mas de que adianta vestir azul se a empresa não contrata neurodivergentes?

      Se a escola corrige e pune comportamentos que fogem do padrão?

      Conscientizar é mais do que informaré agir.

      É garantir acessibilidade em ambientes corporativos, adaptar avaliações escolares, ouvir quem vive a experiência de ser autista.

      Não existe inclusão simbólica.

      Ou ela é concreta, ou é maquiagem. E o primeiro passo para qualquer transformação real é parar de falar sobre pessoas autistas e começar a construir com elas.

      Saiba mais sobre como tornar o ambiente de trabalho mais acessível em: Neurodiversidade e Mercado de Trabalho: Desafios da Inclusão – Braine Digital

      Saúde 5.0: A Revolução Humana e Tecnológica no Cuidado

      Vivemos tempos intensos: o avanço tecnológico deixou de ser mera ferramenta auxiliar e tornou-se um eixo fundamental em quase todas as esferas da vida.

      Na saúde, entretanto, ainda vivemos grandes desafios: dados fragmentados, cuidado impessoal, sistemas frios e algoritmos desconectados das reais necessidades humanas. Diante disso, surge um novo paradigma: a Saúde 5.0, uma visão que vai muito além da digitalização e coloca o ser humano no centro das soluções.

      Mas afinal, o que significa Saúde 5.0 e por que essa abordagem é tão revolucionária?

      Entendendo o que é Saúde 5.0

      Saúde 5.0 não é apenas um termo bonito ou mais um modismo tecnológico. É a convergência da tecnologia avançada com um olhar profundamente humano, ético e inclusivo para o cuidado com as pessoas. Ao contrário das versões anteriores, onde a tecnologia podia ser distante ou até mesmo invasiva, a Saúde 5.0 busca integrar harmoniosamente inteligência artificial, big data, machine learning, IoT e robótica em um sistema acolhedor e centrado na pessoa.

      O que muda da Saúde 4.0 para a 5.0?

      Na Saúde 4.0, o grande foco estava na digitalização, automação e eficiência operacional. Porém, muitas dessas soluções, apesar de tecnicamente impressionantes, esqueceram do principal: o fator humano. Médicos, enfermeiros e pacientes começaram a sentir uma frieza crescente nas relações, uma distância emocional e um aumento exponencial de estresse tecnológico.

      A Saúde 5.0 nasce exatamente dessa percepção crítica, ela traz a humanização para dentro das tecnologias, não se trata de reduzir o uso de tecnologia, mas sim de usá-la com um propósito claro e empático.

      Princípios fundamentais da Saúde 5.0

      A Saúde 5.0 é sustentada por cinco grandes pilares:

      1. A humanização radical

      A tecnologia com sistemas que “ouvem”, compreendem contextos e entregam respostas sensíveis, garantindo seu uso como ponte para fortalecer vínculos, acolher e empoderar pacientes e profissionais.

      2. Tecnologia ética e transparente

      Dados são protegidos, algoritmos são auditáveis e compreensíveis, o que garante privacidade e respeito.

      3. Interoperabilidade total

      Informações fluem livremente, permitindo uma visão completa e integrada da saúde física, mental e social dos indivíduos.

      4. Medicina preditiva e personalizada

      Dados personalizados ajudam na prevenção e antecipação de problemas, criando planos individualizados e proativos.

      5. Sustentabilidade e inclusão

      Cuidados de saúde são desenhados para serem acessíveis, justos e ecologicamente responsáveis.

      Como a Inteligência Artificial Potencializa a Saúde 5.0

      A inteligência artificial é uma grande aliada nesse cenário, desde que usada com responsabilidade e clareza. IA pode analisar milhões de dados rapidamente, encontrar padrões que seriam invisíveis para humanos e apoiar decisões médicas complexas. Entretanto, na Saúde 5.0 a IA não substitui o profissional da saúde: ela o potencializa.

      A IA pode ser usada em:

      • Diagnóstico rápido e preciso de doenças.
      • Personalização de tratamentos.
      • Gestão inteligente e eficiente de recursos hospitalares.
      • Triagem automatizada e humanizada via chatbots ou assistentes digitais.

      Por que a Saúde 5.0 é essencial para a neurodiversidade?

      Quando falamos sobre neurodiversidade, as abordagens tradicionais frequentemente falham. Os sistemas médicos atuais foram projetados, muitas vezes, sem considerar as particularidades cognitivas e emocionais de pessoas neurodivergentes. Isso gera exclusão, diagnósticos errados e tratamentos inadequados.

      Na Saúde 5.0, a neurodiversidade é celebrada e compreendida. Algoritmos são treinados para reconhecer, respeitar e responder adequadamente às necessidades individuais. Não é apenas acolhimento; é uma transformação profunda na forma como percebemos e cuidamos da diversidade cognitiva e emocional.

      A visão da Braine e sua relação com a Saúde 5.0

      Na Braine, percebemos desde o início que cuidar não é somente uma questão tecnológica ou médica; é uma questão humana e social. Por isso, desenvolvemos soluções que refletem os princípios da Saúde 5.0.

      Nossa plataforma utiliza inteligência artificial para promover cuidado integral, acolhendo pacientes neurodivergentes de maneira personalizada, empática e responsiva. Desenvolvemos agentes digitais como a Bruna, uma assistente que oferece apoio emocional e informativo, sempre com uma interação humanizada, acolhedora e baseada em evidências científicas.

      Tecnologias-Chave na Saúde 5.0

      1. Wearables e IoT: dispositivos que acompanham em tempo real sinais vitais, humor, sono, atividade e comportamento, proporcionando uma visão completa e integrada da saúde.
      2. IA e Machine Learning: algoritmos para diagnóstico, tratamento personalizado, predição de crises e apoio à decisão médica.
      3. Robótica Assistiva: robôs que auxiliam em cirurgias, tratamentos e cuidados domiciliares com precisão e delicadeza.
      4. Blockchain e privacidade: tecnologias que garantem segurança, privacidade e controle absoluto dos pacientes sobre suas informações.

      Saúde 5.0 em ação

      • Hospitais inteligentes: Unidades de saúde onde tudo, da triagem à alta médica, é potencializado por tecnologia humanizada.
      • Telemedicina Empática: Consultas online com assistentes virtuais que identificam emoções, oferecem acolhimento e apoio psicológico.
      • Personalização radical em saúde mental: Uso de dados individuais para oferecer suporte psicológico personalizado e proativo.

      Como se preparar para essa revolução?

      • Investir em capacitação tecnológica e ética.
      • Garantir infraestrutura tecnológica inclusiva e acessível.
      • Incentivar o desenvolvimento de soluções centradas no ser humano.
      • Cultivar uma mentalidade aberta para aprender e crescer continuamente.

      O futuro já começou

      Saúde 5.0 não é uma promessa futura. É uma realidade que precisamos abraçar agora. Ela representa a melhor combinação entre tecnologia e humanidade.

      Na Braine, acreditamos que a tecnologia só faz sentido se ela servir à humanidade. Não estamos aqui apenas para mudar processos, mas para transformar vidas. Não é só sobre inovação; é sobre responsabilidade, empatia e visão clara do futuro.

      Se você acredita que o futuro da saúde precisa ser mais humano, inclusivo e inteligente, chegou a hora de agir. Participe do evento da Braine sobre neurodiversidade e inovação — um dos maiores encontros do Brasil dedicados à transformação do saúde por meio da tecnologia. É a oportunidade perfeita para descobrir como aplicar os princípios da Saúde 5.0 na prática, trocar experiências com quem está trabalhando dentro desse novo modelo e fazer parte da mudança.

      O que o Dia do Humor nos ensina sobre a saúde mental neurodivergente

      Você já se perguntou o por que de tantas pessoas neurodivergentes experimentarem mudanças de humor e variações emocionais tão recorrentemente? A resposta dessa pergunta é mais complexa do que você imagina e pode transformar a forma como você enxerga a neurodivergência.

      Nesse dia Dia do Humor, celebramos o riso e a arte dos humoristas que buscam sempre cativar o público com piadas muito bem pensadas e preparadas antes do show. Mas imagine o seguinte cenário: você está em um show de standup de um humorista muito famoso, a piada é feita, e logo em seguida o riso vem, do nada, lágrimas invadem seus rosto e um silêncio profundo toma conta. Como explicar que um momento de extrema alegria se tornou motivo de lágrimas? Para alguma pessoas neurodivergentes, o humor vai além da piada — ele é uma resposta sensorial a uma série de influências externas e uma forma de adaptação ao mundo.

      Vamos entender o que está por trás da neurodiversidade emocional?

      Humor e Neurodivergência: o que isso tem a ver?

      Oscilar entre risadas altas, picos de energia, introspecção e silêncio, são variações de humor comuns entre pessoas neurodivergentes. O diagnóstico de TDAH, autismo, dislexia entre outros, influenciam na regulação hormonal e emocional, principalmente na forma como o mundo é sentido por essas pessoas.

      Mais do que “controlar” essas formas de se expressar, é necessário construir espaços onde elas não precisem reprimir esses sentimentos. Para pessoas neurodivergentes, o humor trabalha como um termômetro do ambiente, um código de leitura do que está (ou não) funcionando ao redor.

      O que causa as variações de humor em neurodivergentes?

      As variações de humor geralmente são respostas a estímulos hormonais e ambientais, que muitas vezes passam despercebido pelo olhar neurotípico. Os gatilhos mais comuns são:

      • Sobrecarga sensorial e social
      • Comunicação ambígua
      • A quebra de rotina
      • Muitos estímulos de uma só vez
      • Ambientes considerados emocionalmente inseguros

      O cérebro neurodivergente processa as emoções e os estímulos externos de diferentes maneiras — o que significa que o impacto de um acontecimento simples e cotidiano é muito mais incômodo. O que para uns é apenas barulho, para outros é um alerta de perigo.

      Como ajudar durante uma crise:

      As oscilações de humor são a expressão de um sistema nervoso que está atento e na procura de encontrar equilíbrio em lugares que, muitas vezes, não estão preparados para acolher a diversidade neurológica. Por isso, muitas vezes, essas pessoas passam por crises intensas em locais públicos e se veem sem saída, buscando ajuda de quem está por perto. As ações que podem ser tomadas durante uma crise são:

      1. Reduza estímulos: ambientes silenciosos com luz baixa auxiliam na estabilização emocional de uma pessoa em crise.
      2. Pergunte se a ajuda é bem vinda: “Eu posso ficar aqui com você?”, “Posso te ajudar?” e “Você prefere ficar sozinho agora?” são as melhores perguntas que podem ser feitas nesses momentos.
      3. Valide as emoções: Validar as emoções da pessoa em crise pode ajudá-la a se sentir compreendida e aos poucos ir estabilizando suas emoções.
      4. Trabalhe com a distração: Auxiliar no redirecionamento da atenção para atividades ou coisas que sejam do interesse da pessoa em crise é uma das melhores alternativas para aliviar o estresse.
      5. Não leve para o lado pessoal: É importante lembrar que durante um momento de crise, a pessoa não consegue gerenciar o que está sentido e como se expressar. Por isso, suas reações — muitas vezes intensas ou descontroladas — tendem a ser direcionadas justamente a quem está mais próximo, não por escolha, mas por proximidade.
      6. Priorize a segurança: A autolesão e o comportamento agressivo são comuns durante as crises. Por isso, torna-se necessário segurar suas mãos para que ela não machuque a si mesma ou outras pessoas.

      Quando o ambiente adoece mais que o diagnóstico

      Não é incomum que uma pessoa neurodivergente se questione: “Será que sou eu o problema?” E a resposta é não.

      Lugares que concentram uma grande carga de pressão sobre as pessoas e que punem qualquer variação de humor que não siga a ‘norma’ do ambiente, são lugares de risco para a saúde mental de pessoas neurotípicas e atípicas. Em vez de trabalhar na formação de um ambiente que proporciona bem estar àqueles que ali estão, esses espaços reforçam a ideia de que só há uma forma “correta” de se sentir — e por tabela, de existir.

      Pessoas neurodivergentes não vivem em desequilíbrio interno; elas apenas tem reações em ambientes considerados desregulados, barulhentos, acelerados e que pressionam. Quando as estruturas não se adaptam, o corpo grita e o humor oscila. Não como descontrole, mas como um alarme que avisa que algo está errado do lado de fora.

      Incentivar a adaptação de locais públicos e ambientes profissionais para que se tornem locais mais inclcusivos é tão urgente quanto oferecer cuidado individual. Leia mais sobre isso no blog da Braine com o texto sobre Neurodivergência e Mercado de trabalho.

      As variações de humor como aparato para pessoas neurodivergentes

      Enquanto muitos ainda veem a variação de humor em pessoas neurodivergentes como uma “reação exagerada” ou “coisa de gente mimada” as pessoas neurodivergentes tentam lutar por mais lugares que as acolham e entedam que as variações de humor simplesmente representam o corpo tentando traduzir aquilo que a linguagem não dá conta de expressar.

      Em contextos onde a leitura de normas sociais é um desafio constante, o humor também é uma forma de interpretar o que está acontecendo ao redor. Uma súbita irritação, por exemplo, pode apontar que há algo dissonante nas relações — mesmo que ninguém tenha verbalizado.

      Como mudar sua atitude:

      Neste Dia do Humor, a proposta é outra: rir sim, mas também pensar. O humor não precisa esconder a dor — ele pode revelar caminhos de cuidado e ajuda.

      Se você quer entender mais sobre como criar ambientes emocionalmente seguros, desmistificar a neurodivergência e repensar as relações humanas com pessoas neurodivergentes, participe do evento organizado pela Braine nos dias 2 a 6 de junho – Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade