8 expressões capacitistas que você deveria para de usar agora

Descubra 8 expressões capacitistas comuns no dia a dia, por que elas são problemáticas e como substituí-las para construir uma comunicação mais respeitosa

A forma como a gente fala é muito importante e algumas expressões que parecem “inofensivas”, na realidade, carregam diversos preconceitos e esteriótipos sobre pessoas neurodivergentes ou com deficiência.

Fill the world with your voice
Se a ideia é construir um mundo mais inclusivo, a mudança deve começar pelas nossas palavras.

Aqui vão expressões capacitistas que você precisa aposentar:

  1. Retardado

Essa palavra carrega décadas de desrespeito e estigmatização. O termo até nasceu no campo médico, mas foi sequestrado pelo senso comum e transformado em insulto.

Hoje, ele não diz nada sobre a condição da pessoa — só sobre o preconceito de quem o usa.

2. “Você não parece ser neurodivergente”

    Essa frase tem cara de ser elogio, ela tenta ser elogio, mas na verdade não passa de ignorância.

    Neurodivergência não tem “cara” e nem todos os sintomas são visíveis.

    Existem diversas condições invisíveis ao olhar externo: autismo nível 1, TDAH, dislexia e outras tantas não seguem um padrão visual ou comportamental fixo.

    3. “Eu sou normal”

      Se você é “normal”, quem não é igual a você é o quê? “Anormal”?

      Esse tipo de comparação é o núcleo do problema que enfrentamos todos os dias.

      O que é “normal”?

      O mundo está em constante mudança, a medicina, a ciência e a tecnologia evoluindo cada vez mais e nos mostrando que nossa sociedade é diversa e nenhuma pessoa é igual a outra — e que a única constante é a diversidade humana.

      Negar isso e escolher acreditar que existem pessoas “normais” e “anormais” é escolher viver num mundo que já não existe mais.

      4. “Ele é especial”

        Parece gentil, mas muitas vezes é só um disfarce para não lidar com a realidade.

        “Especial” virou um jeitinho confortável de não dizer “ele é uma pessoa com deficiência”.

        E quando a gente não nomeia o que existe, a gente ajuda um processo de apagamento que reprime inúmeras pessoas por uma vida toda.

        Não se combate capacitismo com palavras genéricas — se combate com verdade e com coragem pra mudar o discurso.

        5. “Falta um parafuso nele”

          Usada para descrever comportamentos considerados “estranhos” ou “fora do padrão”, essa expressão desumaniza e patologiza pessoas neurodivergentes, reduzindo sua complexidade a uma metáfora mecânica e depreciativa.

          Pessoas não são máquinas — e esse tipo de comparação só reforça a exclusão.

          6. “É louco de pedra” / “É doido varrido”

            Essas expressões que reforçam o estigma da saúde mental, tratando pessoas com sofrimento psíquico como motivo de piada ou exclusão.

            7. “Está se fazendo de doente”

              Essa frase invalida a experiência de pessoas com deficiências invisíveis ou condições crônicas.

              Ela reforça a ideia de que só quem “parece doente” está legitimamente sofrendo — o que é falso e cruel.

              Muitas pessoas com fibromialgia, lúpus, transtornos mentais e outros quadros clínicos convivem diariamente com a dor e ainda precisam lidar com a desconfiança de quem não vê o sofrimento.

              8. “Tem que ser internado” (dito em tom de desprezo)

                É comum ver isso como forma de punição ou exclusão, como se os serviços de saúde mental fossem um “castigo” para quem precisa de cuidados específicos.

                Isso perpetua o medo e o preconceito sobre internações psiquiátricas, que deveriam ser cuidadosas, humanas e necessárias em alguns casos, nunca um rótulo de exclusão.

                Essas expressões não são apenas palavrões ou xingamentos, elas são as responsáveis pelo amedrontamento e pelo isolamento de muitas pessoas.

                Elas reforçam o silenciamento, invalidam e afastam pessoas com deficiência e neurodivergência de todos os espaços que deveriam servir para a socialização.

                Three rubber ducks stand in front of one blue rubber duck. The concept of rejection.
                Essas expressões capacitistas reforçam o silenciamento e invalidam as pessoas com deficiência e neurodivergência

                Por que isso é importante?

                Mais um vez reafirmo: a comunicação é o início de tudo.

                Ela abre caminhos ou fecha portas. Quando você escolhe não usar termos ofensivos, você está aprendendo sobre respeito e está participando da construção de um mundo menos hostil para milhões de pessoas.

                O que é capacitismo, afinal?

                Capacitismo é a discriminação ou o preconceito contra pessoas com deficiência ou neurodivergência.

                Ele aparece tanto em atitudes explícitas quanto em comportamentos sutis, como os comentários que parecem inofensivos.

                A raiz do capacitismo está na ideia de que pessoas com deficiência são inferiores ou menos capazes.

                Muita vezes isso parte de um conceito pré existente nas pessoas que sempre ouviram essas mesmas expressões e nunca questionaram se havia algo de errado com isso.

                E por isso essas falas devem ser corrigidas.

                E você pode escutar isso em qualquer lugar! Em casa, no escritório, na copa tomando um cafézinho, na escola, no restaurante e até mesmo em consultórios médicos por pessoas despreparadas.

                O capacitismo dificulta a valorização da luta neurodivergente pelo seus direitos, limitando essas pessoas a uma vida de dificuldades e exclusão social.

                E é por isso que precisamos nomeá-lo, entender como ele funciona e combate-lo com o conhecimento.

                Não se trata de “mimimi”

                Muita gente ainda reage mal a essas reflexões com frases como “não pode mais dizer nada” ou “estão exagerando”.

                Mas mudar a forma de se comunicar é reconhecer que o mundo mudou e que precisamos acompanhar essa mudança com sensibilidade.

                Trocar palavras não apaga o problema, mas é um primeiro passo para enfrentá-lo. E esse passo pode ser dado por qualquer pessoa, em qualquer lugar, começando hoje.

                O capacitismo está em piadas que menosprezam, em expressões do dia a dia, em comentários sobre comportamento de alguém (ou até mesmo os próprios), em julgamentos silenciosos.

                Ele se disfarça de “brincadeira”, “opinião” ou “jeito de falar”, mas pra quem escuta, o efeito é o mesmo: humilhar

                Como posso ter atitudes mais ativamente inclusivas?

                Se essa pergunta mexeu com você, ótimo! Quer dizer que você está pronto pra sair do discurso e partir pra prática.

                Aqui vão alguns caminhos:

                • Acompanhe as redes sociais de influencers neurodivergentes e com deficiência.
                • Reflita sobre seu jeito de falar: tem alguma expressão que você usava e agora percebe como ela pode ser ofensiva? Se sim, se corrija, isso já é um grande passo.
                • Transforme o seu redor: converse com seus amigos sobre o assunto, explique que certos termos reforçam preconceitos contra pessoas deficientes e neurodivergentes e que isso atrapalha a vida delas

                Quer saber mais sobre tudo isso?

                Acompanhe nosso blog e confira nosso post sobre “7 mitos que te contaram sobre a neurodivergência”

                Participe do nosso Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade 2025 nos dias 2 a 6 de junho.

                Lá realizaremos um espaço de troca de experiências, conhecimentos sobre neurodiversidade e como a inteligência artificial pode ajudar no diagnóstico e cuidado de pessoas neuroatípicas.