Como os animais podem ajudar no cuidado de pessoas neurodivergentes?

Ter um animalzinho de estimação por si só já é capaz de transformar toda a nossa vida e rotina — e quando falamos sobre pessoas neurodivergentes essa conexão vai além.

Estudos clínicos mostram que os animais ajudam na regulação emocional e fortalecem a autonomia de pessoas neuroatípicas.

Além do amor sem precedentes, um animal de assistência é capaz de auxiliar na melhora da qualidade de vida de inúmeras pessoas.

O apoio emocional que acalma e acolhe pessoas neurodivergentes

Para pessoas com autismo, TDAH e outras condições do neurodesenvolvimento, o mundo pode ser excessivamente barulhento e hostil.

A presença de um animal de assistência pode servir como uma âncora sensorial e emocional.

Interações simples — como um cachorro deitado ao lado, o som rítmico de um gato ronronando, ou o toque do pelo durante uma crise de sobrecarga sensorial — são capazes de reduzir o cortisol (hormônio do estresse) e aumentar a produção de ocitocina, o hormônio associado ao bem-estar e à confiança.

Isso não é intuição — é ciência.

Estudos como este publicado na Frontiers in Psychology confirmam os benefícios da interação entre pessoas neurodivergentes e animais.

Woman with White Horse in Stables
Atualmente a equoterapia como forma de tratamento de pessoas neurodivergentes tem tomado cada vez mais espaço

Cães de serviço e suporte emocional

Animais de suporte emocional e cães de serviço são treinados especificamente para acompanhar pessoas neurodivergentes.

Eles ajudam na prevenção de crises em locais públicos, dão suporte físico e emocional, contribuem com rotinas estruturadas e, principalmente, proporcionam um senso de segurança constante.

Em crianças, especialmente, o vínculo com o animal pode ser o primeiro canal real de comunicação com o mundo exterior.

Se comunicar com o animal para se comunicar com o mundo

Uma das maiores dificuldades relatadas por pessoas neurodivergentes é a sensação de não ser compreendido. Com os animais, essa barreira cai. Eles não cobram respostas verbais, não julgam, não exigem performance.

Esse espaço de aceitação total é terapêutico e para muitas crianças isso representa a primeira possibilidade real de experimentar afeto sem condicionamentos.

A comunicação não-verbal, que muitas vezes é o ponto forte de pessoas neurodivergentes, é respeitada e valorizada nesses vínculos.

Woman with Dog by Lake
O vínculo com o animal pode ser o primeiro canal real de comunicação com o mundo exterior

Autonomia e rotina

Para as crianças, ter um animal de estimação pode ser o ponto de partida para desenvolver habilidades de organização e responsabilidade.
A autonomia dada por essas responsabilidades auxilia no desenvolvimento de habilidades que acompanham as necessidades do animal:

  • Cuidados com higiene
  • Necessidade de atenção
  • Saúde e alimentação
  • Adestramento
  • Olhar atento às mudanças comportamentais

Para pessoas com TDAH, por exemplo, a repetição e o vínculo afetivo com o animal ajudam a estabelecer rotinas — algo que em muitos casos é difícil de manter com base apenas em obrigações sociais.

Terapias assistidas por animais: o que diz a prática clínica?

Técnicas como a equoterapia (com cavalos) e a zooterapia (com cães e outros animais) vêm ganhando cada vez mais espaço em instituições de saúde e educação.

No Hospital Albert Einstein, por exemplo, a Terapia Assistida por Animais (TAA) já é parte dos protocolos complementares de cuidado.

A convivência com animais durante a infância é capaz de transformar a rotina de uma criança

A relação entre humanos e animais nunca foi só sobre companhia

Você ja deve ter ouvido a expressão “o cachorro é o melhor amigo do homem”, certo?

Hoje os animais de estimação já são considerados parte da família por muitas pessoas, e isso não é por acaso. Os laços criados entre humanos e animais são verdadeiros, é amor como qualquer outro tipo de amor!

Se esse carinho é capaz de curar tantas dores internas, por que não utilizar desse companheiro como parceiro de tratamento de pessoas neuroatípicas?

Em um mundo que ainda mede a funcionalidade humana por métricas produtivas, os animais ensinam — e sem dizer uma palavra — que resultados também são construídos com o acolhimento e a presença.

Vamos aprofundar essa conversa?

Leia mais curiosidades sobre neurodiversidade e a influência da inteligência artificial nos estudos hoje em dia no blog da Braine.

Participe do próximo Encontro sobre Diversidade e Inclusão nos dias 2 a 6 de junho, vamos falar também sobre o papel da tecnologia e das práticas integrativas no cuidado de pessoas neurodivergentes.