Rotina Visual em 5 Passos com Apps Gratuitos

Aprenda a montar uma rotina visual em 5 passos simples com o auxílio de aplicativos gratuitos. Essa ideia pode ajudar você líder de empresa, estudante ou trabalhador na organização do seu dia a dia e da sua autonomia, especialmente para aqueles que são neurodivergentes.​

A seguir, descubra como criar uma rotina visual para cada dia seu utilizando aplicativos gratuitos

Desktop organization. Cleaning up messy stationary in plastic organizers
A criação de uma rotina visuail é especialmente benéfica para pessoas neurodivergentes, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

Por que uma rotina visual?

A rotina visual pode ser criada por diferentes aplicativos que servirão de ferramentas para a criação de uma rotina mais dinâmica com: imagens, ícones e cores para representar sequências de atividades, facilitando a compreensão e execução de tarefas diárias.

Esse tipo de ferramenta é especialmente benéfica para pessoas neurodivergentes, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que enfrentam dificuldades para organizar seus pensamentos e atividades que devem ser cumpridas. Os diferentes tipos de app para criação de rotinas visuais auxiliam na previsibilidade e reduzem a ansiedade frente a mudanças inesperadas, uma vez que a pessoa tem mais controle do que deve ser feito.​

Segundo matéria feita pela organização Autismo e Realidade, alguns aplicativos podem ajudar a transformar a rotina das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), especialmente aquelas com dificuldades de comunicação verbal.

O uso desses recursos visuais pode auxiliar – e muito – no desenvolvimento da autonomia, de habilidades sociais e comunicativas de crianças e jovens que estão passando por esse momento tão delicado da vida que reque organização para seguir o cronograma escolar em meio a um turbilhão de sentimentos.

5 Passos com Apps Gratuitos:

Passo 1: Identifique as necessidades e objetivos​

Antes de iniciar a criação da rotina visual, é fundamental compreender as necessidades específicas da pessoa que a utilizará.

  • Considere fatores como idade, nível de compreensão, interesses e desafios enfrentados no dia a dia.
  • Defina objetivos claros, como promover independência na realização de tarefas domésticas, melhorar a gestão do tempo ou facilitar a transição entre atividades.​

Passo 2: Escolha o aplicativo adequado​ conforme a necessidade

Diversos aplicativos gratuitos estão disponíveis para auxiliar na criação de rotinas visuais. Abaixo, destacamos alguns que se destacam pela funcionalidade e acessibilidade:​

  • Rotina Divertida: desenvolvido para crianças com autismo, permite criar rotinas personalizadas com imagens e recompensas, promovendo engajamento e compreensão. ​
  • Tiimo: planejador visual diário voltado para neurodivergentes, oferece timers, checklists e sincronização com calendários, facilitando a organização e o foco.
  • Brili Routines: inclui temporizadores visuais e alarmes suaves, ajudando pessoas a desenvolverem senso de timing e autonomia nas atividades diárias. ​
  • RoutineFlow: planejador e organizador de rotinas, permite criar sequências de atividades com timers e lembretes, ideal para pessoas com TDAH. ​
  • Notion: embora não seja específico para rotinas, o Notion permite criar cronogramas personalizados com elementos visuais atrativos, sendo uma opção versátil para diferentes idades.

Passo 3: Personalize a Rotina Visual​

Utilize imagens claras e representativas para cada atividade, caso não seja para você mesmo, dê preferência para que a escolha seja feita com a participação da pessoa que utilizará a rotina, de forma que isso ajude na identificação da pessoa com a rotina que será dela.

Inclua horários, duração estimada e, se possível, elementos motivacionais, como recompensas ou elogios visuais, para incentivar a conclusão das tarefas.​

Passo 4: Teste e Ajuste Conforme Necessário​

Agora um dos passos principais: após implementar a rotina visual, observe sua eficácia e receptividade.

Esteja atento a sinais de confusão, desinteresse ou dificuldades na execução das atividades. Realize ajustes conforme necessário, seja alterando imagens, reorganizando a sequência de tarefas ou adaptando os horários.

A flexibilidade é essencial para atender às necessidades individuais e promover a eficácia da rotina.

Passo 5: Estimule a Autonomia e Celebre Conquistas​

Incentive a pessoa a utilizar a rotina visual de forma independente, reforçando positivamente seus esforços e conquistas.

Celebre os progressos, por menores que sejam, reconhecendo o empenho e a dedicação.

A motivação e o reconhecimento são fundamentais para manter o engajamento e o desenvolvimento contínuo.​

Keyboard and office supply top view. Desktop organization
A tecnologia não precisa ser vista como uma ameaça. Ela precisa ser usada com responsabilidade e inteligência

A tecnologia pode sempre ajudar mais

É fácil cair na armadilha de pensar que já chegamos longe o bastante com a tecnologia. Que os aplicativos de rotina visual, os lembretes automáticos, os checklists digitais bastam para quem precisa de apoio na organização diária. Mas não podemos nos contar somente com isso.

A tecnologia não precisa ser vista como uma ameaça. Ela precisa ser usada com responsabilidade e inteligência. Dessa forma, ela sempre será um trampolim para possibilidades ainda maiores.

Não estamos aqui apenas para fazer a gestão do tempo ficar mais bonitinha em uma tela colorida. Estamos aqui para repensar como diferentes formas de raciocínio, processamento e sensibilidade interagem com o mundo. E, nesse ponto, a inteligência artificial abre portas que, até poucos anos atrás, eram pura ficção científica.

Na Braine, a gente acredita — e aposta — que IA não é só uma moda, ela é uma revolução silenciosa que pode, de fato, democratizar acesso a diagnóstico, tratamento e suporte emocional para cérebros que sempre foram colocados à margem dos sistemas tradicionais.

Braine em ação

Projetos como o Aura-T surgem desse inconformismo. O Aura-T não foi desenvolvido para substituir o olhar humano do psicólogo ou do neurologista.

Pelo contrário: foi criado para amplificar esse olhar. Quando um paciente é avaliado para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), ele passa por uma bateria complexa de testes e entrevistas.

O Aura-T entra justamente nesse momento para interpretar e organizar todos esses dados — que já são validados cientificamente — de forma rápida, estruturada e confiável.

Ele gera relatórios detalhados, aponta padrões de comportamento e aprendizado, e orienta onde estão as maiores forças e vulnerabilidades da pessoa avaliada.

No final, o profissional de saúde tem em mãos informações profundas para tomar decisões mais certeiras, baseadas em evidências — e não em achismos.

E não paramos por aí. Sabemos que o desafio não termina no diagnóstico. Gerenciar a vida, os riscos, as emoções e as crises diárias é parte do percurso para quem é neurodivergente — e para quem cuida dessas pessoas também.

Foi pensando nisso que nasceu a Bruna, nossa inteligência artificial dedicada ao gerenciamento e prevenção de crises.

Com a Bruna estamos antevendo sinais, mapeando padrões comportamentais e orientando intervenções práticas para que crises possam ser evitadas, ou pelo menos minimizadas. Seja no cotidiano de uma pessoa autista adulta que quer trabalhar com mais autonomia, seja no suporte para pais de crianças com TDAH, a Bruna atua como uma aliada silenciosa, mas extremamente presente.

Como a Braine pode te ajudar?

No fundo, o que a Braine vem fazendo é devolver às pessoas algo que o sistema muitas vezes tenta tirar delas: o direito de ter uma vida pensada para o seu próprio jeito de ser.

É preciso construir novas formas de cuidar, incluir e empoderar pessoas neurodivergente — e a tecnologia é a nossa ponte para isso.

Os aplicativos de rotina visual são fantásticos para começar, mas depois disso temos que usar tudo o que está ao nosso alcance: algoritmos, redes neurais, inteligência artificial, ciência de dados. Tecnologia que respeita a diversidade humana não é utopia — é dever. E é esse dever que nos move todos os dias aqui na Braine.

Quer saber mais sobre como utilizar a tecnologia para promover autonomia e organização no dia a dia? Participe do nosso  Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade 2025 nos dias 2 a 6 de junho onde diversos profissionais da área de inovação e tecnologia se encontrarão para debater novas oportunidades no mercado d tecnologia alinhado ao desenvolvimento da saúde e do tratamento de pessoas neurodivergentes.

Acompanhe o blog da Braine para ficar por dentro das melhores práticas e inovações na área da saúde mental digital.

Confira nossos últimos posts:

Diferenças entre deficiência, transtorno e variação neurológica

Entenda as diferenças entre deficiência, transtorno e variação neurológica e por que usar os termos corretos é importante para o processo de inclusão real de pessoas neurodivergentes na sociedade

Palavras moldam mundos — literalmente.

A maneira como nomeamos algo diz muito sobre como lidamos com isso.

Não é só uma questão de semântica, é uma questão de dignidade.

Por isso, entender a diferença entre deficiência, transtorno e variação neurológica é importantíssimo se a gente quiser levar a inclusão a sério de fato.

A deficiência não é o problema. O problema é a estrutura de uma sociedade que não acolhe, não adapta, não escuta.

O que é deficiência?

A definição da Organização das Nações Unidas, adotada também pelo Governo Brasileiro diz que a deficiência é o resultado da interação entre impedimentos físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais de longo prazo e barreiras sociais que limitam a participação plena e efetiva dessas pessoas na sociedade.

Pessoas com deficiência enfrentam barreiras arquitetônicas, tecnológicas, comunicacionais e atitudinais diariamente por toda a sociedade.

Rampas ausentes, sites inacessíveis, conteúdos sem audiodescrição, ou até o simples despreparo das equipes de RH para entender um currículo diverso são exemplos claros disso.

E é aí que entra a importância de políticas públicas e iniciativas privadas, elas devem trabalhar em ações que reconheçam as necessidades de pessoas deficientes e atuem na criação de ambientes e regras favoráveis para adaptação de locais públicos e privados. 

Muitas pessoas ainda acreditam que essas mudanças ocasionarão em uma “vantagem” para as pessoas deficientes. Mas como pode ser vantagem se nós estamos falando de direitos básicos  para um existência digna

Essas pessoas estão em desvantagem faz muito tempo!

A adaptação de espaços e a criação de leis que garantem o cumprimento dos direitos dessas pessoas não se trata de vantagem, e sim de equilibrar o jogo.

ADCH concept with human mind and brain
Transtornos como TDAH e o transtorno do espectro autista não são “modinha”

O que é transtorno?

Segundo o EduCapes, transtornos são condições clínicas diagnosticadas por especialistas com base em critérios técnicos.

São padrões de funcionamento mental que impactam a vida da pessoa e que geralmente exigem acompanhamento especializado.

Alguns exemplos incluem:

  • Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
  • Transtorno do Espectro Autista (TEA)
  • Transtornos de Ansiedade Generalizada
  • Transtornos Depressivos
  • Transtornos de Aprendizagem, como dislexia e discalculia

Essas condições podem afetar a concentração, a memória, o processamento de informações, a regulação emocional e a comunicação.

Em muitos casos, essas condições não são visíveis e, por isso, acabam sendo muito incompreendidas pelos neurotípicos. 

Transtornos como TDAH, Transtorno do Espectro Autista ou transtornos de ansiedade não são “modinha” — são reais e muita pessoas vivem as dificuldade desses transtornos na pele diariamente.

Um diagnóstico pode virar a vida de uma pessoa da cabeça aos pés (de uma forma positiva).

A partir desse momento, a pessoa começa a compreender suas vontades e a respeitar os seus próprios limites, melhorando (e muito) na sua qualidade de vida.

Além disso, o diagnóstico correto é fundamental para garantir o direito ao tratamento adequado e para fortalecer a autoestima das pessoas que, muitas vezes, cresceram se sentindo “erradas” em um mundo que não foi feito para elas. 

Leia mais sobre e sobre diagnóstico tardio e como lidar com essas questões em nosso blog  

Hand reveal gold infinity symbol on puzzle.
O respeito começa quando paramos de tratar a neurodiversidade como frescura ou drama.

O que é variação neurológica?

Segundo o boletim Diversidade em Pauta, variação neurológica é um jeito técnico e respeitoso de dizer que existe mais de uma forma de o cérebro humano funcionar — e nenhuma delas deveria ser considerada errada por padrão.

É o conceito-base da neurodiversidade, que reconhece que pessoas autistas, com TDAH, dislexia, discalculia ou outras configurações neurológicas fazem parte da biodiversidade humana.

Esse entendimento parte da ideia de que não existe um único modo de pensar, sentir ou perceber o mundo. Há múltiplas formas de processar estímulos, comunicar ideias, organizar pensamentos — e isso é, acima de tudo, uma riqueza.

E aqui, eu reforço mais uma vez: precisamos entender que o padrão de comportamento é uma invenção social. Pessoas neurodivergentes não precisam ser consertadas, nós precisamos ser entendidos. 

A ideia de neurodiversidade nos convida a ir além do olhar clínico.

Ela propõe a construção de ambientes mais flexíveis e humanos — onde as diferenças são vistas como potencialidades e não como falhas.

Leia mais sobre o uso de inteligência artificial como meio de modernização e humanização do cuidado no nosso blog!

Por que separar esses conceitos importa?

Porque misturar tudo é confortável só pra quem nunca teve que brigar pelos seus direitos ou um mínimo de compreensão.

Quando usamos os termos de forma equivocada, criamos ruído na comunicação e reforçamos estigmas que já nos assola: 

  • Deficiência é um recorte jurídico-social que garante acesso a políticas públicas.
  • Transtorno é uma condição clínica que requer diagnóstico profissional, intervenção adequada e acesso a políticas inclusivas.
  • Variação neurológica é uma lente que amplia o entendimento sobre a diversidade cognitiva humana e combate o capacitismo estrutural que insiste em reduzir todo mundo à mesma régua.

Saber diferenciar é o mínimo. Agir a partir disso é o próximo passo.

Só a partir dessa distinção é que conseguimos lutar por políticas específicas, criar ambientes acessíveis de verdade e combater o preconceito com conhecimento.

Cada palavra certa é um passo na direção da equidade.

Não dá mais pra errar por ignorância

Se você chegou até aqui, parabéns! — você está um passo à frente da maioria.

Agora, a pergunta que fica é: o que você vai fazer com essa informação?

  • Vai revisar a forma como fala sobre esses temas?
  • Vai corrigir quando ouvir alguém confundindo os termos?
  • Vai lutar por mais acessibilidade no seu ambiente de trabalho ou estudo?

Na Braine, a gente acredita que a mudança começa pela linguagem, mas não para por aí.

Por isso te convidamos a conhecer nosso blog e ler alguns dos nossos últimos artigos:

Saúde 5.0: A Revolução Humana e Tecnológica no Cuidado – Braine Digital

Por que só agora? O diagnóstico de autismo na vida adulta – Braine Digital

Guia Rápido: Primeiros Sinais de Autismo em Crianças​

Descubra os primeiros sinais de autismo em crianças, aprenda a identificá-los e saiba quando buscar apoio especializado.

O diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser um divisor de águas na vida de uma criança. Quanto antes os sinais forem identificados, maiores são as chances de a criança receber intervenções adequadas que favoreçam seu desenvolvimento.

É importante lembrar-nos que o autismo não se manifesta somente de uma forma ou igualmente para todas as crianças, os sinais podem variar de pessoa para pessoa.

Porém, há alguns comportamentos comuns que podem servir como indicadores precoce para pais e profissionais ficarem atentos e começarem a mudança de rotina da criança.

Vamos ver a seguir os principais sinais de alerta para autismo segundo o Ministério da Saúde e quais primeiros passso devemos tomar ao observá-los.

Children hold pieces of puzzles in palms as sign of support and solidarity with people with autism
O autismo não se manifesta somente de uma forma ou igualmente para todas as crianças

Principais Sinais de Alerta

Comportamento

  • Dificuldade em manter o contato visual: muitas crianças com autismo evitam o contato visual durante interações sociais. Isso pode ser um sinal de que a criança não está processando as informações sociais da mesma forma que outras.
  • Falta de resposta ao nome: embora crianças típicas geralmente respondam ao serem chamadas pelo nome por volta dos 6 a 12 meses, uma criança com TEA pode não responder ou reagir de forma inconsistente.
  • Pouca ou nenhuma interação social: ao invés de brincar com outras crianças, muitas vezes as crianças autistas não demonstram interesse em interagir com os outros e preferem brincar sozinhas.
  • Movimentos repetitivos: balançar o corpo ou bater as mãos são comuns em crianças com TEA. Esses comportamentos repetitivos podem ocorrer como uma forma de autorregulação ou para expressar emoções.
  • Foco intenso e restrito em certos objetos ou atividades: muitas crianças com autismo demonstram interesse fixo em determinados objetos ou áreas de conhecimento (hiperfoco). Por exemplo, elas podem se concentrar apenas em um tipo de brinquedo ou tema, enquanto ignoram outras atividades.
  • Resistência a mudanças: a preferência por rotinas rígidas e a resistência a mudanças no ambiente ou na sequência de atividades também são sinais típicos do TEA. Crianças com autismo podem ficar extremamente frustradas quando tem a sua rotina alterada.
  • Hipersensibilidade ou insensibilidade sensorial: muitas crianças com TEA apresentam reações extremas a estímulos sensoriais, como luzes, sons, cheiros ou texturas. Elas podem se tornar muito sensíveis a certos sons ou, por outro lado, demonstrar pouca reação a estímulos que seriam desconfortáveis para outras crianças.

Comunicação

  • Atraso no desenvolvimento da fala: uma criança com autismo pode não começar a balbuciar até mais tarde do que outras crianças ou pode ter um atraso no desenvolvimento da linguagem verbal. Isso pode ser um dos primeiros sinais de que a comunicação está sendo afetada.
  • Dificuldade em iniciar ou manter conversas: crianças com autismo podem ter dificuldades em iniciar qualquer interação verbal ou simplesmente manter uma conversa fluida, mesmo que já possuam algum vocabulário.
  • Entonação ou ritmo incomum na fala: outra característica de crianças com TEA é a fala monótona ou com entonação estranha, o que pode dificultar a compreensão do que estão tentando comunicar.

Importância da Identificação Precoce

Identificar os sinais de autismo precocemente, geralmente entre 12 e 18 meses, é crucial. Estudos mostram que as crianças diagnosticadas de maneira precoce tem mais chances de desenvolver habilidades sociais, de comunicação e cognitivas adequadas com a ajuda de intervenções especializadas.

A estimulação precoce através de terapias comportamentais, fonoaudiológicas e ocupacionais pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento da criança e na sua integração social.

O que fazer ao perceber os sinais?

Caso você perceba algum desses sinais em seu filho ou em uma criança próxima, a primeira atitude deve ser consultar um pediatra.

O médico poderá direcionar para uma avaliação especializada, como um neuropediatra, psicólogo ou fonoaudiólogo, que irá realizar uma avaliação detalhada para confirmar ou descartar o diagnóstico de TEA.

É importante entender que, até os dias atuais, o diagnóstico de autismo é baseado em uma avaliação clínica feita por profissionais qualificados.

Não é possível afirmar, com base apenas em alguns comportamentos, que uma criança tem autismo, mas é fundamental que a família esteja atenta a qualquer sinal e busque ajuda se necessário.

World Autism awareness and pride day or month with Puzzle pattern ribbon on white background
Embora a IA não substitua o trabalho de psicólogos ou médicos, ela pode complementar o processo terapêutico de diversas maneiras.

Como a Inteligência Artificial pode trabalhar em conjunto com psicólogos no tratamento de pessoas neurodivergentes

A inteligência artificial (IA) tem se apresentado cada vez mais como uma ferramenta poderosa na personalização do tratamento de pessoas neurodivergentes.

Embora a IA não substitua o trabalho de psicólogos ou médicos, ela pode complementar o processo terapêutico de diversas maneiras.

A Braine, por exemplo, desenvolve soluções baseadas em inteligência artificial voltadas para o diagnóstico e tratamento de pessoas neurodivergentes, com o objetivo de oferecer ferramentas que auxiliem profissionais da saúde a compreender melhor o comportamento e as necessidades de seus pacientes.

A IA pode ajudar na análise de dados comportamentais, identificar padrões e sugerir abordagens terapêuticas personalizadas, sempre sob a supervisão de profissionais capacitados.

Ao combinar a expertise de psicólogos com a capacidade da IA de processar grandes volumes de dados e realizar análises detalhadas, é possível oferecer intervenções rápidas e eficazes.

Isso resulta em uma abordagem com mais foco nas necessidades individuais de cada paciente, contribuindo para um tratamento mais moderno e uma melhora na qualidade de vida de crianças e adultos neurodivergentes.

Você sabia que muitas vezes o diagnóstico dos filhos revela o dos pais?

Se você nunca ouviu falar disso, ou tem dúvidas que além do seu filho, você também pode ter alguma neurodivergência, confira noss último post no blbog da Braine!

Preschool development of children with autism spectrum disorder.
Se você percebe sinais de TEA em seu filho ou em si mesmo, procure sempre a ajuda de um profissional de saúde qualificado para garantir o tratamento e apoio necessários para um desenvolvimento saudável e uma qualidade de vida plena.

É importante destacar que, embora a inteligência artificial possa ser uma ferramenta valiosa no auxílio à compreensão de sinais e sintomas, ela não substitui a orientação e o diagnóstico profissional.

A avaliação de um médico especializado em conjunto a IA, é essencial para um diagnóstico preciso e para a personalização do tratamento e acompanhamento adequado que auxiliará no desenvolvimento da criança ou do adulto com suspeita de autismo.

Se você percebe sinais de TEA em seu filho ou em si mesmo, procure sempre a ajuda de um profissional de saúde qualificado para garantir o tratamento e apoio necessários para um desenvolvimento saudável e uma qualidade de vida plena.

E o que eu posso fazer agora?

Identificar o autismo precocemente é uma questão de oferecer as melhores chances para a criança.

Se você notou algum dos sinais descritos neste guia, não hesite em procurar ajuda profissional e a conhecer a Braine.

Participe do nosso próximo Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade nos dias 2 a de junho! Lá você poderá conhecer diferentes profissionais que vem trabalhando nos últimos anos com a tecnologia alinhada ao diagnóstico e tratamento de pessoas neuruodivergentes.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Saúde. Transtorno do Espectro Autista: entenda os sinais. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/agosto/transtorno-do-espectro-autista-entenda-os-sinais. Acesso em: 25 abr. 2025.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Transtorno do Espectro Autista (TEA). Curitiba: SESA, [s.d.]. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Transtorno-do-Espectro-Autista-TEA. Acesso em: 25 abr. 2025.

ZANON, Regina Basso; BACKES, Bárbara; BOSA, Cleonice Alves. Identificação dos primeiros sintomas do autismo pelos pais. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 30, p. 25-33, 2014.

Como os animais podem ajudar no cuidado de pessoas neurodivergentes?

Ter um animalzinho de estimação por si só já é capaz de transformar toda a nossa vida e rotina — e quando falamos sobre pessoas neurodivergentes essa conexão vai além.

Estudos clínicos mostram que os animais ajudam na regulação emocional e fortalecem a autonomia de pessoas neuroatípicas.

Além do amor sem precedentes, um animal de assistência é capaz de auxiliar na melhora da qualidade de vida de inúmeras pessoas.

O apoio emocional que acalma e acolhe pessoas neurodivergentes

Para pessoas com autismo, TDAH e outras condições do neurodesenvolvimento, o mundo pode ser excessivamente barulhento e hostil.

A presença de um animal de assistência pode servir como uma âncora sensorial e emocional.

Interações simples — como um cachorro deitado ao lado, o som rítmico de um gato ronronando, ou o toque do pelo durante uma crise de sobrecarga sensorial — são capazes de reduzir o cortisol (hormônio do estresse) e aumentar a produção de ocitocina, o hormônio associado ao bem-estar e à confiança.

Isso não é intuição — é ciência.

Estudos como este publicado na Frontiers in Psychology confirmam os benefícios da interação entre pessoas neurodivergentes e animais.

Woman with White Horse in Stables
Atualmente a equoterapia como forma de tratamento de pessoas neurodivergentes tem tomado cada vez mais espaço

Cães de serviço e suporte emocional

Animais de suporte emocional e cães de serviço são treinados especificamente para acompanhar pessoas neurodivergentes.

Eles ajudam na prevenção de crises em locais públicos, dão suporte físico e emocional, contribuem com rotinas estruturadas e, principalmente, proporcionam um senso de segurança constante.

Em crianças, especialmente, o vínculo com o animal pode ser o primeiro canal real de comunicação com o mundo exterior.

Se comunicar com o animal para se comunicar com o mundo

Uma das maiores dificuldades relatadas por pessoas neurodivergentes é a sensação de não ser compreendido. Com os animais, essa barreira cai. Eles não cobram respostas verbais, não julgam, não exigem performance.

Esse espaço de aceitação total é terapêutico e para muitas crianças isso representa a primeira possibilidade real de experimentar afeto sem condicionamentos.

A comunicação não-verbal, que muitas vezes é o ponto forte de pessoas neurodivergentes, é respeitada e valorizada nesses vínculos.

Woman with Dog by Lake
O vínculo com o animal pode ser o primeiro canal real de comunicação com o mundo exterior

Autonomia e rotina

Para as crianças, ter um animal de estimação pode ser o ponto de partida para desenvolver habilidades de organização e responsabilidade.
A autonomia dada por essas responsabilidades auxilia no desenvolvimento de habilidades que acompanham as necessidades do animal:

  • Cuidados com higiene
  • Necessidade de atenção
  • Saúde e alimentação
  • Adestramento
  • Olhar atento às mudanças comportamentais

Para pessoas com TDAH, por exemplo, a repetição e o vínculo afetivo com o animal ajudam a estabelecer rotinas — algo que em muitos casos é difícil de manter com base apenas em obrigações sociais.

Terapias assistidas por animais: o que diz a prática clínica?

Técnicas como a equoterapia (com cavalos) e a zooterapia (com cães e outros animais) vêm ganhando cada vez mais espaço em instituições de saúde e educação.

No Hospital Albert Einstein, por exemplo, a Terapia Assistida por Animais (TAA) já é parte dos protocolos complementares de cuidado.

A convivência com animais durante a infância é capaz de transformar a rotina de uma criança

A relação entre humanos e animais nunca foi só sobre companhia

Você ja deve ter ouvido a expressão “o cachorro é o melhor amigo do homem”, certo?

Hoje os animais de estimação já são considerados parte da família por muitas pessoas, e isso não é por acaso. Os laços criados entre humanos e animais são verdadeiros, é amor como qualquer outro tipo de amor!

Se esse carinho é capaz de curar tantas dores internas, por que não utilizar desse companheiro como parceiro de tratamento de pessoas neuroatípicas?

Em um mundo que ainda mede a funcionalidade humana por métricas produtivas, os animais ensinam — e sem dizer uma palavra — que resultados também são construídos com o acolhimento e a presença.

Vamos aprofundar essa conversa?

Leia mais curiosidades sobre neurodiversidade e a influência da inteligência artificial nos estudos hoje em dia no blog da Braine.

Participe do próximo Encontro sobre Diversidade e Inclusão nos dias 2 a 6 de junho, vamos falar também sobre o papel da tecnologia e das práticas integrativas no cuidado de pessoas neurodivergentes.

7 mitos que te contaram sobre a neurodivergência

A neurodivergência é um tema que tem ganhado cada vez mais holofotes, e com isso, a desinformação também tem crescido.

O que muitas vezes é entendido erroneamente, precisa ser desmistificado para que possamos construir uma sociedade que preza pela inclusão de pessoas neurodivergentes.

Neste texto vamos abordar 7 mitos que ainda persistem sobre a neurodiversidade e como eles impactam a maneira como vemos as pessoas neurodivergentes.

Sunflower lanyard, symbol of people with invisible or hidden disabilities.
colar neurodiversidade

1. Neurodivergência é só autismo e TDAH

A neurodiversidade abrange uma ampla gama de condições, incluindo TDAH, dislexia, transtornos de aprendizagem e outras condições neurológicas. O autismo e o TDAH são somente duas das formas de neurodivergência que existem, contudo são as que mais se popularizaram nas redes.

2. Pessoas neurodivergentes são menos inteligentes

Ser uma pessoa neuroatípica não te faz menos inteligente. Pelo contrário, alguns neurodivergentes são considerados superdotados e muitos possuem habilidades extraordinárias como: uma memória excepcional, capacidade de foco em detalhes específicos ou habilidades únicas em atividades técnicas e criativas.

Acreditar que a condição neurológica limita a inteligência de uma pessoa não passa de preconceito.

3. Ser neurodivergente é ser doente

A neurodivergência é uma variação natural do funcionamento do cérebro humano que se difere do que é considerado típicamente esperado ou normal.

Não se trata de uma doença, nem de algo que precisa ser “consertado” é apenas uma maneira diferente de processar e interagir com o mundo.

Encarar a neurodivergência como um erro a ser corrigido desumaniza pessoas que simplesmente vivenciam a realidade de forma distinta das normas neurotípicas.

4. Pessoas neurodivergentes não podem ter uma vida profissional bem-sucedida

Com as adaptações certas no ambiente de trabalho, pessoas neurodivergentes podem ser altamente produtivas e alcançar toda as suas metas profissionais.

A chave está em criar espaços inclusivos que permitam que essas pessoas se destaquem de acordo com suas habilidades únicas. Muitos profissionais neurodivergentes, especialmente no campo da tecnologia, tem apresentado habilidades incríveis na atuação com a inovação devido a sua criatividade.

5. Autismo é sempre acompanhado de deficiência intelectual

O autismo é um espectro, portanto, varia amplamente de pessoa para pessoa. Muitas pessoas no espectro autista tem inteligência dentro da média ou até acima da média, mas podem ter desafios em áreas como comunicação social e comportamentos repetitivos.

A ideia de que todo autista tem deficiência intelectual é uma visão restrita e prejudicial.

6. Pessoas neurodivergentes são incapazes de ter empatia ou de se conectar com os outros

A capacidade de empatia não está ligada à neurodivergência, por isso não podemos generalizar.

Muitas pessoas neurodivergentes tem uma compreensão profunda das emoções e das necessidades dos outros, ao mesmo tempo que enfrentam grandes dificuldades em expressar as suas próprias.

Contudo, algumas pessoas apresentam sim falta de empatia como sinal da neurodivergência, mas isso não faz dela uma pessoa ruim.

Entenda sobre isso lendo nosso post sobre variações de humor em pessoas neurodivergentes.

7. A neurodivergência é algo raro e pouco comum

De acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention) dos Estados Unidos, cerca de 1 em cada 36 crianças foi identificada com transtorno do espectro autista (TEA) . Essa estimativa representa um aumento em relação a dados anteriores, refletindo a necessidade de uma maior conscientização e melhorias nos métodos de diagnóstico.​

Segundo a OMS, 15% da população mundial é considerada neurodivergente, ou seja, no Brasil somos mais de 30 milhões.

O conceito de neurodiversidade é muito mais amplo do que ouvimos por aí

Como lidar com os mitos sobre neurodivergência?

Desmistificar esses mitos é importantíssimo para criar um ambiente saudável para todas as pessoas.

A educação é um dos principais caminhos para combater fake news sobre a neurodiversidade, tanto em escolas quanto no local de trabalho e na sociedade como um todo.

Precisamos questionar as convenções e criar espaços onde todas as diferenças possam ser reconhecidas e respeitadas.

Foi com esse compromisso que a Braine nasceu dentro da USP — a maior universidade da América Latina. Nossa base é científica, sólida e comprometida com a transformação real do estudo da saúde mental no Brasil.

A mudança começa com o conhecimento

Se você quer entender mais sobre como a neurodiversidade está mudando o panorama social e profissional, participe do Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade, que acontece entre os dias 2 e 6 de junho.

Vamos juntos construir um futuro mais inclusivo para todos!

Quer saber mais sobre como tecnologia e saúde podem caminhar juntas?

Acesse: Quando o adolescente descobre que é neurodivergente – Braine Digital

Por que só agora? O diagnóstico de autismo na vida adulta

Após tantos anos em dúvida sobre quem eu sou, o que eu devo fazer depois do diagnóstico de autismo?

Você já se perguntou por que certas situações do cotidiano sempre pareceram mais difíceis para você do que para outras pessoas?

Ou por que tarefas simples sempre te esgotaram tanto?

Muitas pessoas neurodivergentes passam a vida inteira se sentindo fora do lugar até que, finalmente, recebem um nome para tudo aquilo que sempre sentiram e não sabiam como falar.

O diagnóstico de autismo na vida adulta vem crescendo – e muito -, especialmente entre mulheres e pessoas que sempre se adaptaram “bem demais” as normas sociais.

Mas por que ele demora tanto? E o que muda depois que ele chega?

Autism Awareness. Autism father holding hand his Autistic Child with I have autism bracelet
Um diagnóstico de autismo pode salvar vidas

Por que o diagnóstico de autismo demorou tanto?

Boa parte dos diagnósticos tardios acontecem por falta de um olhar atento e da escuta daquele paciente, uma vez que os sinais sempre estiveram lá.

Durante a infância, muitos pais — movidos por medo, desinformação ou até pelo desejo de proteger os filhos de rótulos — acabam negando aquilo que é evidente: que a neurodivergência existe e precisa ser compreendida, não ignorada.

O resultado? Crianças que cresceram sentindo que havia algo de errado com elas, quando na verdade, o que sempre esteve errado foi o acolhimento que elas não receberam.

Crenças que limitam:

Ainda carregamos o mito ultrapassado de que o autismo é uma condição exclusiva da infância. Essa crença faz com que adultos neurodivergentes passem despercebidos, mesmo quando os sinais estão ali — camuflados por adaptações que são funcionais e, muitas vezes, exaustivas.

Confira sobre outros mitos que te contaram sobre a neurodivergência.

O que muda com o diagnóstico na vida adulta ou tardio?

Receber um diagnóstico tardio significa que agora existe a possibilidade de se enxergar por uma lente nova, com mais carinho e respeito.

Saber que você é neurodivergente não define você, mas pode explicar muito do que foi vivido. Pode ajudar a construir relações mais honestas, cuidar melhor da saúde mental e reivindicar ambientes mais justos e acessíveis.

Algumas transformações comuns após o diagnóstico:

  • Alívio ao entender melhor seus comportamentos e emoções.
  • Redução da autocrítica e da culpa por dificuldades vividas.
  • Possibilidade de buscar apoio terapêutico direcionado às necessidades.
  • Reconstrução da identidade com mais liberdade e compaixão.

O diagnóstico é o início de um nova vida, uma onde há mais espaço para ser quem se é.

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Um adulto que se entende se torna um adulto livre

Como buscar ajuda?

O primeiro passo é buscar profissionais especializados em neurodesenvolvimento que compreendam as especificidades do espectro em adultos. Psiquiatras, psicólogos e neurologistas com esse tipo de formação poderão aplicar:

  • Entrevistas clínicas
  • Testes comportamentais
  • Escalas diagnósticas adaptadas

Atenção: não existe um único exame ou teste definitivo. O diagnóstico é construído com base em múltiplas observações, histórico pessoal, familiar e critérios científicos validados.

E quando a tecnologia entra em cena?

Ferramentas como o Aura-T, desenvolvidas pela Braine com inteligência artificial, tem ampliado a capacidade de interpretação de dados obtidos em testes.

Isso significa maior agilidade, organização de informações e apoio para profissionais e pacientes.

O Aura-T gera relatórios completos que indicam padrões de comportamento, aprendizado e interação social — sempre comparando com referências científicas sólidas.

Quanto maior o banco de dados, maior a precisão: a IA aprende com cada novo caso, ampliando sua sensibilidade para identificar sinais menos óbvios do espectro.

Quer entender mais sobre isso?

Se você é um adulto que recebeu um diagnóstico tardio e ainda se sente um pouco perdido nesse processo ou quer se preparar melhor para acolher pessoas neurodivergentes no seu entorno, participe do Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade, que acontecerá entre os dias 2 e 6 de junho para promover a discussão sobre neurodivergência no Brasil e no mundo.

O que o Dia do Humor nos ensina sobre a saúde mental neurodivergente

Você já se perguntou o por que de tantas pessoas neurodivergentes experimentarem mudanças de humor e variações emocionais tão recorrentemente? A resposta dessa pergunta é mais complexa do que você imagina e pode transformar a forma como você enxerga a neurodivergência.

Nesse dia Dia do Humor, celebramos o riso e a arte dos humoristas que buscam sempre cativar o público com piadas muito bem pensadas e preparadas antes do show. Mas imagine o seguinte cenário: você está em um show de standup de um humorista muito famoso, a piada é feita, e logo em seguida o riso vem, do nada, lágrimas invadem seus rosto e um silêncio profundo toma conta. Como explicar que um momento de extrema alegria se tornou motivo de lágrimas? Para alguma pessoas neurodivergentes, o humor vai além da piada — ele é uma resposta sensorial a uma série de influências externas e uma forma de adaptação ao mundo.

Vamos entender o que está por trás da neurodiversidade emocional?

Humor e Neurodivergência: o que isso tem a ver?

Oscilar entre risadas altas, picos de energia, introspecção e silêncio, são variações de humor comuns entre pessoas neurodivergentes. O diagnóstico de TDAH, autismo, dislexia entre outros, influenciam na regulação hormonal e emocional, principalmente na forma como o mundo é sentido por essas pessoas.

Mais do que “controlar” essas formas de se expressar, é necessário construir espaços onde elas não precisem reprimir esses sentimentos. Para pessoas neurodivergentes, o humor trabalha como um termômetro do ambiente, um código de leitura do que está (ou não) funcionando ao redor.

O que causa as variações de humor em neurodivergentes?

As variações de humor geralmente são respostas a estímulos hormonais e ambientais, que muitas vezes passam despercebido pelo olhar neurotípico. Os gatilhos mais comuns são:

  • Sobrecarga sensorial e social
  • Comunicação ambígua
  • A quebra de rotina
  • Muitos estímulos de uma só vez
  • Ambientes considerados emocionalmente inseguros

O cérebro neurodivergente processa as emoções e os estímulos externos de diferentes maneiras — o que significa que o impacto de um acontecimento simples e cotidiano é muito mais incômodo. O que para uns é apenas barulho, para outros é um alerta de perigo.

Como ajudar durante uma crise:

As oscilações de humor são a expressão de um sistema nervoso que está atento e na procura de encontrar equilíbrio em lugares que, muitas vezes, não estão preparados para acolher a diversidade neurológica. Por isso, muitas vezes, essas pessoas passam por crises intensas em locais públicos e se veem sem saída, buscando ajuda de quem está por perto. As ações que podem ser tomadas durante uma crise são:

  1. Reduza estímulos: ambientes silenciosos com luz baixa auxiliam na estabilização emocional de uma pessoa em crise.
  2. Pergunte se a ajuda é bem vinda: “Eu posso ficar aqui com você?”, “Posso te ajudar?” e “Você prefere ficar sozinho agora?” são as melhores perguntas que podem ser feitas nesses momentos.
  3. Valide as emoções: Validar as emoções da pessoa em crise pode ajudá-la a se sentir compreendida e aos poucos ir estabilizando suas emoções.
  4. Trabalhe com a distração: Auxiliar no redirecionamento da atenção para atividades ou coisas que sejam do interesse da pessoa em crise é uma das melhores alternativas para aliviar o estresse.
  5. Não leve para o lado pessoal: É importante lembrar que durante um momento de crise, a pessoa não consegue gerenciar o que está sentido e como se expressar. Por isso, suas reações — muitas vezes intensas ou descontroladas — tendem a ser direcionadas justamente a quem está mais próximo, não por escolha, mas por proximidade.
  6. Priorize a segurança: A autolesão e o comportamento agressivo são comuns durante as crises. Por isso, torna-se necessário segurar suas mãos para que ela não machuque a si mesma ou outras pessoas.

Quando o ambiente adoece mais que o diagnóstico

Não é incomum que uma pessoa neurodivergente se questione: “Será que sou eu o problema?” E a resposta é não.

Lugares que concentram uma grande carga de pressão sobre as pessoas e que punem qualquer variação de humor que não siga a ‘norma’ do ambiente, são lugares de risco para a saúde mental de pessoas neurotípicas e atípicas. Em vez de trabalhar na formação de um ambiente que proporciona bem estar àqueles que ali estão, esses espaços reforçam a ideia de que só há uma forma “correta” de se sentir — e por tabela, de existir.

Pessoas neurodivergentes não vivem em desequilíbrio interno; elas apenas tem reações em ambientes considerados desregulados, barulhentos, acelerados e que pressionam. Quando as estruturas não se adaptam, o corpo grita e o humor oscila. Não como descontrole, mas como um alarme que avisa que algo está errado do lado de fora.

Incentivar a adaptação de locais públicos e ambientes profissionais para que se tornem locais mais inclcusivos é tão urgente quanto oferecer cuidado individual. Leia mais sobre isso no blog da Braine com o texto sobre Neurodivergência e Mercado de trabalho.

As variações de humor como aparato para pessoas neurodivergentes

Enquanto muitos ainda veem a variação de humor em pessoas neurodivergentes como uma “reação exagerada” ou “coisa de gente mimada” as pessoas neurodivergentes tentam lutar por mais lugares que as acolham e entedam que as variações de humor simplesmente representam o corpo tentando traduzir aquilo que a linguagem não dá conta de expressar.

Em contextos onde a leitura de normas sociais é um desafio constante, o humor também é uma forma de interpretar o que está acontecendo ao redor. Uma súbita irritação, por exemplo, pode apontar que há algo dissonante nas relações — mesmo que ninguém tenha verbalizado.

Como mudar sua atitude:

Neste Dia do Humor, a proposta é outra: rir sim, mas também pensar. O humor não precisa esconder a dor — ele pode revelar caminhos de cuidado e ajuda.

Se você quer entender mais sobre como criar ambientes emocionalmente seguros, desmistificar a neurodivergência e repensar as relações humanas com pessoas neurodivergentes, participe do evento organizado pela Braine nos dias 2 a 6 de junho – Encontro de Informação e Saúde: Neurodiversidade